Valéria da esquina
Sonha um dia em se casar
De véu branco e capela,
Com direito a álbum de fotografia
Nem que seja do lambe-lambe,
Com retratos em preto e branco.
Ela pensa em largar
Desse ofício de se dar fora da alcova.
Desse ofício de se dar fora da alcova.
Treme que treme na base, arrepia
Como se fosse a primeira vez.
E sempre lhe sobra uma puta canseira
Como se fosse a primeira vez.
E sempre lhe sobra uma puta canseira
Que faz ela perder a cor, empalidecer
E, pra burlar a ansiedade,
Chega a tomar doses de valeriana.
Diante da vida que leva, sem eira,
Conter-se nesse vão amar, é duro.
Chega uma hora que sobrecarrega.
Chega uma hora que sobrecarrega.
Esse ritmo vil de se entregar pra todos
Só fica bonito em livros
Da cabeceira à mão,
Das pedras à Madalena,
Das navalhas na carne ao roer dos ossos!
E ainda mais ela, justo ela,
Que nunca se fez de rogada nem santa,
Que nunca se fez de rogada nem santa,
Que aprendeu na rua com a vida
Eivada de vícios e manhas
Eivada de vícios e manhas
A dar nó em pingo d'água,
E até desatá-los,
Ao ganhar força na queda.
Boto fé no seu taco,
Prendada que é
Pode ser muito mais
Que uma puta mulher.
Valeu, Valéria!
Tua lida me fez tecer
Esse poema de amor e luta,
Fora da cama.
Mas não te esqueças do sonho,
Ainda dá pé encetá-lo,
Ele pode ser acordado.
Cometa-se com seus botões.
A vida é sua, então, roube a cena.
Não sinta vergonha na pele desnuda,
Traga no próprio corpo a revelação,
Traga no próprio corpo a revelação,
Esqueça o giz, não a meta.
Olha o passarinho!
Belo texto sobre uma tema complicado. Não julgarei. Mas lamento. Não as putas. Quem delas recorre:)
ResponderExcluirQue assim seja, que Valéria corra atrás dos seus sonhos, protagonista da sua história.
ResponderExcluirJoão querido, você navega todos os temas e motes, senhor de suas palavras bem-ditas. Continue a ser esse grande poeta, que vê o ser humano e escreve sobre ele, banhando de luz e razões seus textos permeados de sensibilidade e encanto. Tua poesia é única, original e bela. Uma ótima e iluminada semana!
ResponderExcluirAbraço carinhoso da
Adélia Minessotti Vergueiro,
Psicóloga - Santos/SP.
Olá, poeta, bom dia!
ResponderExcluirNão fico mais sem ler sua poesia. Você me deixa viciado em literatura. Tô aqui todos os dias, pois adoro poesia e prosa. E dessa estirpe, me encantam seus escritos. Sou escritor nas horas vagas. Trabalho em São Paulo como policial e acompanho seus textos há um tempão durante meus plantões. Você escreve bem pra caramba. Continue assim. Forte abraço,
Hélio Marins Bitencourt.
DPF-SP.
Olá ludugero - Gostei do teu poema e afinal até há coincidências!
ResponderExcluirÉ assim: hoje vou colocar um texto no meu blog, sob a mesma temática!
Em prosa, porque o verso é só para alguns. Como tu!
Abraço
Olá João - Agora "desafio-te" a passar no meu blog, acabei de postar o texto!
ResponderExcluirAbração!
Olá. Parabéns pelo blog. Siga-me e eu te seguirei:
ResponderExcluirhttp://serorganizado.blogspot.com/
Muitos sonhos podem ser realizados e transformar vidas.
ResponderExcluirabraço
Eu li seu comentário, o que o blogger apagou, e gostei muito da interação.
Gostei do seu blog e da poesia que faz. É diferente.
ResponderExcluirMas não percebi se gostou do que escrevo...
Abraço.
Oi João, é maravilhoso chegar aqui e ler qualquer coisa que você escreve... mas quando é um texto assim que faz viajar ao passado "Véu branco e capela,álbum de fotografia, lambe-lambe, retratos em preto e branco" é delicioso demais!
ResponderExcluirParabéns grande poeta!
Tenha uma ótima noite!
Car@s Amig@s,
ResponderExcluirÉ gratificante vir aqui agradecer suas presenças no meu blog, com seus primorosos coments. Obrigado a cada um de vocês! Fico deveras feliz por emitirem suas críticas, seus pensamentos, etc. Isso me deixa orgulhoso, envaidecido. Fico sem palavras. Mas leio e releio cada comentário com muito carinho e guardo-os na cabeça e no coração, até mais no coração. Adoro vocês. Sejam-bem-vindos-aqui-sempre! Hiper mega ótima semana a todos - saúde! Abraços mil, João.
Gostei João,!
ResponderExcluirQuantas Valérias existem por aí vivendo e sonhando. Algumas realizam, outras acalentam a meta e seguem na luta e na labuta aguardando a hora do porvir.
Parabéns!
Abraços.
Tânia Maria Suzart Ribeiro
- Poemaço, Ludugero, é disso que a poesia se alimenta e agradece, para se manter-se viva e ativa: "Não sinta vergonha da pele desnuda/traga no próprio corpo a revelação", versos inusitados para um enredo de sonhos, para uma vida labutada de corpos sedentos, com aroma franceses, a expressar o olor das deusas promíscuas, é poesia em sua originalidade falando dos sonhos e realidades com verborragia (expressão usada por Sandra Freitas).
ResponderExcluirMário Bróis(Luiz Mário da Costa)
Oi João, falar de você é fácil... é só pensar nas melhores palavras! Sou sua amiga e fã, pois, quem não é fã de um poeta desse, um dia será.
ResponderExcluirMuita saúde e um ótimo dia para você!!!
Olá João! Adorei esse seu poema. Parabéns! Fiquei encantado com a Valéria!
ResponderExcluirCheguei aqui pensando em encontrar a poesia bordada em papel de pão e, encontro um puta texto.
ResponderExcluirMuito bom!
Um abraço.
E qualquer que seja a vida é sempre possível sonhar, é sempre possível tentar transformar os sonhos em realidade. O que daí vem já é vida e é sempre possível contá-la com os olhos dos sonhos... e da poesia.
ResponderExcluirUm abraço.
Oi, Ludegero! Me encantei com tua arte, teu poema, tua poesia. Vamos falando com certeza! Um beijo de bom final de semana!
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