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sexta-feira, 13 de maio de 2011

JENIPAPO


Como era doce andar
Pelo quintal da casa
Da minha Avó Dalila
E se deparar
Com aquele pedaço
Da Várzea em flor.
Era um pomar assim
Cheio de goiabeiras,
Mamoeiros, bananeiras
Canas-caianas,
Pés de pitangas,
Pés de coqueiros
E jabuticabeiras.
Como era bom trepar
Pra colher frutas de vez
Ou caindo maduras do pé!
Dá até água na boca
Só de pensar
Nas carambolas,
Nos maracujás,
Nos tamarindos e nas pitombas.
Lembrar dos umbus-cajás-mangas
Por todos os lados
Com travo e doçura.
Mas quanta falta sinto
Do meu pé de Jenipapo!
Eu o plantei, vi-o crescer lá no barranco,
Dando frutos encerados da cor da terra,
Caindo entre folhas verdes,
Esborrachando-se maduros,
Perfumando o ambiente e o meio
Onde a vida era um bem
De mais valia.
Pluft-plaft!
Hoje ele já não existe mais.
Caiu por terra, meu jenipapeiro,
Aos trancos e sopapos,
Prostrou-se aos golpes do machado.
Depois de velho,
Virou lenha para a fogueira.
E hoje para matar a saudade
Degusto um bom e velho licor caseiro

Que traz o sabor agridoce
Do jenipapo. Pluft!

Ou não seria uma imitação sintética,
Um aromatizante artificialmente colorido
Idêntico ao natural podendo variar em aroma e cor
Em função da safra da fruta de origem
Sujeita a conservantes variações flavorizantes?
Mesmo assim, revivo nesse cálice de poesia
Tudo outra vez. Plaft!

13 comentários:

  1. As árvores da infância permanecem para sempre em nós.

    Um abraço.

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  2. TEU JENIPAPO ME DEIXOU COM ÁGUA NA BOCA!
    COMO PODES TE ATREVER A TANTO, ME INSTIGAR A TRAGOS DE POESIA? TU ÉS MESMO ÚNICO, POIS SABES DOSAR AS PALAVRAS, SENTINDO-AS ASSIM NUM BRINDE DE ENCANTO. FORMIDÁVEL!
    ABRAÇO CARINHOSO,
    MARIA CÂNDIDA MORAIS TORQUATO.
    PROFESSORA DE LITERATURA E, NAS HORAS VAGAS, PINTORA (MISTURO UMAS TINTAS.RISOS).
    BRASÍLIA-DF.

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  3. A infância tem outro sabor com certeza. As coisas por lá parecem mais doces, mais cheirosas, por que será?
    Nasci e me criei em fazenda e o jenipapo era realmente uma das frutas que a gente mais gostava. Aquele gosto picante e ardia na boca e ao mesmo tempo doce era único. Não tive nenhum plantado por mim e sempre achei que nasciam nos cocôs das vacas.
    Bom ler sua poesia e lembrar da infância.
    Beijos

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  4. João,
    Você notou que vários coments sumiram do seu blog? Eu procurei os meus, que fiz aqui, mas se escafederam! Sumiram com todos eles. Não sei nem se chegou a ler. Mas deixa pra lá. Tô aqui de novo pra dizer que AMO DE PAIXÃO sua poesia. Leio tudo e fico cada vez mais fascinada por seus textos. É isso. Te descobri e quero vir aqui sempre. Tá bom? Deixo-te meu abraço. Bom fim de semana! Escreva bastante. Voltarei, viu?
    Sinceramente,
    Ana Liège Dantas.
    Sou de Brasília e estudo Psicanálise.

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  5. Very beautiful. Thank you for all the visits and comments too.

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  6. Adorei o poema. Tenho saudades da minha infância! Parabéns!!

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  7. Sailor,
    Thank you! come back more often. The house is all yours here! I have written many new things, pretty poems, poems. Come by the blog. Come and leave your comments tasteful. Hugs, João.

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  8. Oi João!
    Estive aqui mas parece que o blogger andou levando tb os seus comentarios.
    enfim, estive e novamente estou cheia de cheiros e sabores que este poema trouxe. e com uma saudade dos velhos tempos! rs...
    Um beijo.

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  9. Olá, desculpe invadir seu espaço assim sem avisar. Meu nome é Fabrício e cheguei até vc através do Blog Machado de Carlos. Bom, tanta ousadia minha é para convidar vc pra seguir meu blog Narroterapia. Sabe como é, né? Quem escreve precisa de outro alguém do outro lado. Além disso, sinceramente gostei do seu comentário e do comentário de outras pessoas. Estou me aprimorando, e com os comentários sinceros posso me nortear melhor. Divulgar não é tb nenhuma heresia, haja vista que no meio literário isso faz diferença na distribuição de um livro. Muitos autores divulgam seu trabalho até na televisão. Escrever é possível, divulgar é preciso! (rs) Dei uma linda no seu texto, vou continuar passando por aqui...rs

    Narroterapia:

    Uma terapia pra quem gosta de escrever. Assim é a narroterapia. São narrativas de fatos e sentimentos. Palavras sem nome, tímidas, nunca saíram de dentro, sempre morreram na garganta. Palavras com almas de puta que pelo menos enrubescem como as prostitutas de Doistoéviski, certamente um alívio para o pensamento, o mais arisco dos animais.

    Espero que vc aceite meu convite e siga meu blog, será um prazer ver seu rosto ali.

    Abraços

    http://narroterapia.blogspot.com/

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  10. Realmente, um cálice de pura poesia! Parabéns e continues assim, tu és um grande menestrel.

    Saudações cordiais, au revoir.

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  11. Cher ami,
    Bonne nuit!
    J'ai apprécié votre visite sur mon blog. Revenez souvent car la maison est la vôtre! Est-ce toujours les bienvenus! J'aime la poésie, j'aime écrire, Voyage et aller au-delà des mots, couvrant de nouveaux sommets. La poésie est quelque chose qui peut sauver le monde. Elle rassemble les gens. C'est quelque chose de si merveilleux. J'aime votre blog, textes sensationnel. Je viendrai à vous appréciez le plus souvent. Bonne fin de semaine, à la santé et un bonheur durables. Big hug.
    J. M. Ludugero.
    Beaucoup de paix et le bien, beaucoup d'amour dans votre vie!

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  12. João, mais uma vez adorei passar por aqui para ler a sua poesia encantada de menino que creceu e guarda em suas memórias, mesmo que de uma outra forma, pedaços de lembranças do que lhe foi muito bom. Parabéns.
    abraço
    oa.s

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  13. Mon amie ( é só o que sei) que coisa! voltei la num tempo que se foi, na casa da minha avó e era a mesma coisa, mudando a fruta.Lá era uva , româ e tangerina.Mas a avó devia ser a mesma...as avós são sempre as mesmas. Lindas, maravilhosas. Acho que existem para nos dar uma visão de como será chegar la em cima e ver Nossa Senhora. Bonita e terna poesia.Você é o cara.

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