Ontem, Jacinto pegou-se desnudo
Ao se ver refletido no espelho verde-musgo
Ao se ver refletido no espelho verde-musgo
das águas do açude. Jogou a toalha.
Ele se achou aos metros
Ele se achou aos metros
O mais belo dos homens.
Sentiu-se achando que era Narciso.
Sentiu-se achando que era Narciso.
Não carecia de ser-se mais nada,
Já que dono da própria beleza.
Era auto-sustentável.
Já se sentia muito e pronto.
Até parecia que trazia consigo
A cornucópia dos deuses.
E isso lhe bastava.
Já se sentia muito e pronto.
Até parecia que trazia consigo
A cornucópia dos deuses.
E isso lhe bastava.
O tempo passou. Sem reparos nem botox,
Jacinto odiou a imagem descascada
Que viu refletida no espelho. Não era ele!
Imediatamente, cuidou de quebrá-la.
Julgando-se imortal, de súbito,
Agora se achando o príncipe Namor.
Rebelde se atirou nas profundezas do lago,
Achando-se incapaz de viver nos dois mundos.
Perturbado, mais turbando à mente que de costume,
Não viu que o lago era raso... e pluft plaft!
Acabou prostrado num vôo rasante,
Enamorado da eterna beleza de porcelana,
Desgostoso de si mesmo, afogou-se o coitado,
Desgostoso de si mesmo, afogou-se o coitado,
Entretido na busca exacerbada da musa perfeita
Que não estava mais contida nele.
Nenhuma flor nasceu onde jacinto se escafedeu.
Dizem por aí que Jacinto virou assombração, alma depenada.
E vez por outra, aparece a lamentar a beleza perdida.
Se alguém duvida da lenda, que acenda uma vela
Ou uma lanterna, e mergulhe fundo à procura
Do que realmente importa. Entendeu?
O que conta é amar-se assim mesmo,
De dentro pra fora ou vice-versando,
Até de cara lavada, com ou sem retoques,
O que conta é amar-se assim mesmo,
De dentro pra fora ou vice-versando,
Até de cara lavada, com ou sem retoques,
Sendo cisne, ganso ou pato
Bonito ou feio, misturando-se,
Aceitando-se inteiro,
Bonito ou feio, misturando-se,
Aceitando-se inteiro,
Sem fazer disso sentença de morte.
Acorde e se vista de sol ou de inverno,
Pouco importando em que primavera.
Areje o espírito, o fio condutor
Da eterna beleza efêmera.
Acorde e se vista de sol ou de inverno,
Pouco importando em que primavera.
Areje o espírito, o fio condutor
Da eterna beleza efêmera.
De resto, não acredite apenas
Na fugaz beleza do espelho.
Seu efeito pode passar depressa demais,
E ser miragem apenas.
Se Jacinto ora jaz... Sinto muito!
E ser miragem apenas.
Se Jacinto ora jaz... Sinto muito!
Olá Ludugero.
ResponderExcluirVim agradecer a sua visita no meu blog e vou ser sua seguidora.
Adorei esta mensagem.
Um abraço.
Acho que tenho alguns amigos e amigas que são Jacintos e não sabem! Risos. Que texto interessante, magnífico. Gostei muito!
ResponderExcluirAbraço,
Lúcia Helena de Pádua
Prezado Poeta J. Ludugero,
ResponderExcluirHoje em dia, e cada vez mais, vejo que aumenta muito essa lista de "Jacintos" resultando numa enorme lista de doenças e neuroses ligadas à aparência e à estética. Pessoas inconformadas com o físico, com o rosto e com o peso fazem extravagâncias em cirurgias e reparos plásticos para estarem dentro de seus sonhados moldes-padrões de beleza. Até onde isso pode valer a pena?
André Carvalhido Nobre
Santana do Livramento
Olá, ilustre poeta João Ludugero,
ResponderExcluirEscreveste um belíssimo texto-mensagem-poema. Muito interessante, profundo. Atualíssimo diante da 'escrachada' procura daqueles e daquelas que adquirem manias e cismas com sua própria imagem, aderindo costumes e vícios nada saudáveis, que preocupam por chegar a um limite extremo de auto-regras que pode acarretar a morte, além de sérios transtornos psiquiátricos associados à aparência. E assim: Muitos "Jacintos" se escafedem em busca da eterna beleza efêmera!
Anadyr Soares de Morais
Psiquiatra - São Paulo
Obrigada!
ResponderExcluirSeguindo!
Gostei daqui!
ResponderExcluirBeijos!
Belissimo!
ResponderExcluirUm beijinho
e
Bom fim de semana
Olá poeta, obrigado pelo comentário.
ResponderExcluirQuanto a seguir, já sigo e faz é muito tempo!
Talvez a foto esteja desatualizada, mas sou eu mesmo.
Parabéns pelos poemas e pelo blog.
Abraço.
Grande amigo Luduguero,
ResponderExcluirAgradeço tua presença no segmento de meu trabalho.Tua companhia é muito prazerosa.Aproveito e parabenizo pelas suas Poesias,que são verdadeiramente lindas.Isso aí.
Prosperidade,Sucesso e muita Luz sempre.
Beijo no coração.
Alessandro
Olá, poeta Ludugerio, boa noite!
ResponderExcluirAdorei vir aqui. E pretendo voltar muitas vezes, pois gostei do seu sítio virtual. Achei incrível a forma como rediges, como escreves tão leve e originalmente belo. Sua poesia é luz que responde àqueles que não sabem de onde vêm, quem são e para onde vão. Saiba que em muito sua poesia liberta e contribui para uma sociedade melhor. É o que acho, pois tens um pensamento evoluído, inteligente, que nos instiga a pensar e repensar a humanização do ser. Gosto dos seus poemas. E voltarei com mais tempo,para melhor te apreciar.
Eu sou escritor, tenho diversas obras já publicadas e outras ainda no prelo, aguardando revisão. Gosto de Literatura, Poesia e Sociologia, matéria que leciono.
Força amigo, continue firme com sua escrita em potencial. Meu abraço fraterno,
Camilo de Andrade Queiroga Bastos
São Paulo - SP.
Amigoo obrigado por sua visita e comentario sempre e bom ter amigos novos espero sigamos en contacto.... seu blog esta cargado de muito sentimento en letras e un prazer leer suas letras,,,,, le sigo amigo
ResponderExcluirabracos
otimo fim de semana
saludos
adorei querido o seu blog,e ele se achava aos metros,lindo,claro que vou te adicionar,e vc tb se quizer pode adicionar o meu blog tà ??'
ResponderExcluirbacione
Andam por aqui muitos cuidando que são bonitos.
ResponderExcluirTodos se aperaltam e ao espelho das suas vaidades se mostram.
Coitados que de ilusões morreram e de nada lhes valeu a beleza que tiveram.
Un excelente poema con un bonito contenido. Saludos.
ResponderExcluirO canto da sereia
ResponderExcluirPassando por aqui e curtindo!
ResponderExcluirUm abraço
nice blog, thanks for stoppng by
ResponderExcluirOlá amigo! saudades de vc... O seu blog anda lindo como sempre! Obrigada por sua presença e por seu carinho para com meu cantinho!
ResponderExcluirAbraços!
Mestre João, na civilização da primazia das aparências, a citação de E.R. Waldo é pontual... Ou o belo é da própria essência, ou o sujeito termina esborrachado como nosso amigo Jacinto. Diz J.Lima que a essência do sábio é a humildade e, a do parvo, a vaidade. Parabéns pelo blogue, muito sucesso.
ResponderExcluirAbraços.
Caro Ludugero,
ResponderExcluirGrande prazer meu visitar este seu espaço. Seus poemas são fortes, intensos e comoventes. Em especial o poema à mãe-Maria, pois perdi a minha recentemente e como estamos na véspera do dia comercial das mães estou muito a flor da pele. Aproveito oensejo para agradecer o comentário no Benfazeja e convidá-lo a visitar meu blog pessoal
http://emaranhadorufiniano.blogspot.com
Seu comentário será muito bem vindo.
Já lhe sigo.
Abrçs!!!
Seguirei amigo sim.Belo blog...Fique com Deus!!!
ResponderExcluirAmigo,seus poemas sempre me encantam...concordo com você,a beleza interior é a que ,realmente importa...
ResponderExcluirbjsss,Leninha.
Esse seu poema é pleno de sabedoria. Seguirei o seu blog, Yayá.
ResponderExcluirMaravilha!
ResponderExcluirFenomenal e com muito significado, não há dúvida que a imagem que reflectimos ao espelho é importante mas mais que essa, a que não se vê ao espelho, a do coração, a beleza interior é muito mais importante.
ResponderExcluirgrande abraço amigo poeta.
oa.s
Explêndido e reflexivo. Que poema! Tudoooo!!!!
ResponderExcluirEste post arrasou! Estou cada vez mais sua fã!
Beijos carinhosos,
Nina Alencar de Queiroz
Me gusto tu `poesia, tiene busqueda y verdad, lo hermoso es efimero, por eso no nos cansamos, siempre andamos buscando lo bello, saludos desde Chile,
ResponderExcluirHola, un placer leer tan bello poema lleno de tu sentir. Te dejo un beso, cuidate.
ResponderExcluirHermoso poema, me encantó leerlo, besos
ResponderExcluirOlá amigo João!
ResponderExcluirMais um belo texto poetico aqui venho encontrar!
Espero que me siga em meu blogue:
transpondo-barreiras.blogspot.com
Um abraço e bom Domingo.
;) Belo poema. abr
ResponderExcluirSimplesmente belo.
ResponderExcluirAbraços!
bello texto con mucho por reflexionar.
ResponderExcluirun beso.
Olá, prezados amigos e colegas que me visitam, venho aqui lhes agradecer, a todos, um a um, e dizer que é para mim, da mais gratasatisfação, tê-los aqui no meu blog, que está cada vez mais iluminado por causa de vocês. Muitas graças e alegrias duradouras! Voltem sempre,pois esta casa é nossa! Mega abraço. Felicidades.
ResponderExcluirCarinhosamente,
João
Que texto bom...magnífico! Que ideia maravilhosa,ó poeta! Tu sabes ser grande. Continues com tão belos poemas. Volrarei, pode me esperar. Seu site é mesmo supimpa!
ResponderExcluirAbração,
Claudio Lemos da Fonseca
Salvador/BA
Hoje mando-lhe um vídeo que
ResponderExcluirprovavelmente conhece
mas é tão bonito!
Um abraço
Cá estou de novo a degustar seus escritos...
ResponderExcluirNarciso morreu. Por Jacinto, sentimos...
Amei o texto, principalmente o final deliciosamente objetivo.
Bjks João.
Muito lindo texto... grande poeta!
ResponderExcluirTenha uma ótima noite.
ADOREI! SEM PALAVRAS... UM TEXTO PRA SER DEGUSTADO, ORIGINALMENTE LINDO, COM AS LETRAS PRECISAS, NA MEDIDA CERTA, SEM TENDÊNCIA A SER CABOTINO. GOSTEI DESTE E DE VÁRIOS OUTROS ESPALHADOS POR ESTE SITE PRA LÁ DE BOM. SOU SUA FÃ. GOSTO DE LER TEXTOS ASSIM QUE SÃO MESMO UM ACHADO, UM CONVITE À INTELIGÊNCIA.
ResponderExcluirTENHA UMA ÓTIMA SEMANA,POETA!
ABRAÇO,
CLAUDIENE BANDEIRA SANSEVERINO.
MANAUS/AM.
é que narciso afoga no espelho d´água, de tal sorte a fazer-se narcisicamente, cosmologicamente, pois cai no cosmos, esse espelho em que não mais nos refletivos, de vez que somos refraçao, inflexão, paixão, infinitos.
ResponderExcluirsaudações
l
Un poema muy intereante, que hace pensar, saludos
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