Minha vida, digo minha?
Queira me escutar com esmero,
Ó vida impermanente
De insustentável leveza,
Sopro de corpo passante
Que um dia voltará à terra nua.
Venhas me ensinar,
Venhas me ensinar,
Apesar dos pesares,
Como otimizar o passo,
Como aproveitar essa oportunidade única,
De pisar firme nesse chão de pedras.
Queira me ajudar a aparar as arestas
Polir esses paralelepípedos,
Esmerilar esse chão batido.
Onde tantos outros gastaram seus sapatos,
Onde ainda penam pobres almas desencarnadas
Mas que preferem não abandonar suas ricas botijas.
Ainda a perambular, carregando pedras, sem descanso.
Queira-me aturar por mais uns anos,
Apesar das perdas necessárias, de certo,
Antes do entupir de vez minhas artérias,
Antes que a tal osteoporose
Enfraqueça meus ossos,
E o arranjo do esqueleto
Não possa mais me sustentar,
Antes que o sal não mais sirva à temperança,
Deixando insossa minha carne seca.
Ainda espero manter oxigenados os meus pulmões
Ainda espero manter oxigenados os meus pulmões
Assim com versos arejados de Poesia,
Só para eu poder toda inspirar-te,
Antes de pender de vez a cabeça, expirado
Antes de pender de vez a cabeça, expirado
No ofegante suspiro derradeiro.
Uma caveira engraçada.
ResponderExcluirTem a dentição completa. Não são os dentes de leite mas uns definitivos que nunca se vão.
Tem facilidade em escrever e consegue dobrar o esqueleto central do poema.
Quando já nada houver ainda espera manter oxigenados os pulmões....???
Milagres precisam-se...certamente não entendi nada e peço desculpa de ter brincado simplesmente.
Olá, poeta, eu gostei e entendi o tema que motiva seu poema: trata ele de aspirações envolvendo a matéria corporal humana, soprada de vida,mas impermanente como todas as coisas. Como tudo é passageiro, você aqui incita a querer que a vida ainda prospere ávida, antes de chegar a morte, certeza de tudo. Belo texto,profundo, inquietante, inteligentemente alinhavado, articulado com suas palavras que deram um arcabouço vertebral poético ao seu poema de vida e de morte, mais vital. Gostei do tema. Muito bom, mesmo. Grande abraço,
ResponderExcluirEmília Santarém Mariz
Paleontóloga
Gostei demais de sua intrigante sustentação poética que nos leva a refletir: "Faça-me atravessar arteiro essa grande rua,
ResponderExcluirOnde tantos outros gastaram seus sapatos,
Onde ainda penam pobres almas desencarnadas
Mas que preferem não abandonar suas ricas botijas.
Ainda a perambular, carregando pedras, sem descanso." Muito bom seu poema reflexivo. Um convite a se repensar a vida em suas nuances de apego exacerbado às coisas materiais. Belo texto. Parabéns! Voltarei para te prestigiar.
Abraços,
Jandir Pierre Abelardo Nogueira
São Paulo-SP
Poema inteligente, que nos leva a pensar, a repensar a vida. Você sabe nos prender do início ao fim com sua poesia instigante, bem levada, vertebralmente sustentada com pitadas irônicas dentro da passante vida e da certeza da morte. Muito bom seu texto. Gostei. Já li e reli várias vezes. Até mais!
ResponderExcluirJânio de Freitas
Nossa! Me extasias...
ResponderExcluirDedido um selinho a vc, meu anjo!
http://diariodakiro.blogspot.com/2011/05/minha-querida-amiga-doce-gentil-e-linda.html
Beijinhos ♥
amigo bello poema. gracias por pasar por mi blog y dejar tu huella.
ResponderExcluirsaludos y buen dia :D
Olá Ludugero, que tudo esteja bem contigo, e permaneça!
ResponderExcluirMuito me alegrou tua visita e comentário lá no meu canto, e tão mais contente fiquei ao chegar por cá, e encontrar em teu canto, belos textos, e não menos belas imagens.
É perceptível em teus poemas a facilidade de expressar com simples palavras, teus sentimentos, bem como tua sensibilidade em adicionar certo requinte em simples palavras, nos fazendo assim encantar com teus poemas, parabéns pelo belo espaço e gostei demais desta imagem da rua calçada com paralelepípedos!
É isso meu caro, e segue assim a vida, tão imprecisa quanto à precisão que temos dela, ao menos alguns, pois vemos tantos por aí não atribuindo qualquer valor a este precioso bem que ganhamos sem ao menos pedir, ou seja, uma benção!
Lamento não prometer uma assiduidade diária por aqui, mas esteja certo que sempre que este senhor de nossa existência, o conhecido tempo me permitir por cá estarei. Por agora desejo a você e todos ao redor infinita felicidade, e deveras agradecido deixo um abraço e, até mais!
Vida, ensina-nos a ultrapassar a tristeza de coração, ajuda-nos a ultrapassar injustiças, ensina-nos a crescer como seres humanos, com luzinhas, mesmo fracas, mas que nos indiquem o caminho.
ResponderExcluirAbençoado poeta que nos iluminas com as tuas palavras.
abraço
oa.s
Quem se lembraria de fazer poemas á dona morte?
ResponderExcluirMas tu fizeste e está genial, verdadeiro e transparente! Gostei muito.
beijo e bom fds.
Graça
Lud, é um artista das palavras-pensamento.
ResponderExcluirHoje, tanto quanto a poesia, me encantou o tema, principalmente vindo de pessoa que exala vida por todas as letras.
Quando eu crescer, quero escrever assim. Lindo como você faz.
Bjks poesia de vida.