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quarta-feira, 13 de abril de 2011

LARANJAS, PIMENTAS, POESIA E OUTROS TEMPEROS DE DAR ÁGUA NA BOCA!


Dia de domingo.
Vou à feira lá na Várzea.
Descontraído, peito aberto,
Livre e solto, de calça curta
E sandália de dedo.
Eu vejo o menino Craúna
A descascar laranja,
Chupar o fruto, comer o bagaço
Me apanho envolvido naquele mundo.
Me dá vontade de trabalhar na feira!
E, mãos à obra, escrevo meu poema
Impregnado daquele aroma intenso
Que se espalha no ar
Repleto de cheiros exalados
Num montão de cores
Todas juntas e misturadas.
São cores frias, doces, amargas
Cores azedas, quentes, salgadas
Ardentes ou simplesmente neutras.
Dentro de tudo isso, respiro
Bons ares atravesso, absorto
A comer pastel recheado de vento
Com caldo de cana.
Inspirado nesses cheiros coloridos,
Continuo no engenho dos meus versos,
Sentindo cheiro de laranja cravo pera lima
E tantos outros alaranjados odores.
Não largo o pé da feira, estou dentro,
Livre no meio dessa gente humilde,
Gente com jeito feliz de levar a vida a suar,
A pesar nas balanças Filizolas seus condimentos,
Seus temperos, seus jilós, suas especiarias.
A revender abobrinhas, amendoim,
Descascar abacaxis, espigas de milho, mandiocas
E até ofertar pimenta biquinho e anis-estrelados.
De quebra, ainda se leva dedo-de-moça
Pra atiçar o paladar, abrir o apetite.
Na venda casada, ainda se ganha  
Um refresco a escolher de brinde
Ou pode optar por uma malagueta da mulinga.
Comprando esta leva aqueloutra de graça.
Ali há gosto por todos os lados.
Ia me esquecendo do licor de jenipapo.
Olha a laranja, quem vai querer,
Olha a pimenta, vai encarar a moça,
Ou prefere um refresco de umbu-cajá? 

10 comentários:

  1. Muito tropical! E continuas com assuntos "marginais".

    Gosto.

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  2. Poeta João Ludugero,
    Bom dia!
    Depois que descobri seu site, nunca mais deixei de vir aqui. Sua poesia é intensa, gratificante, me fascina de um jeito que virei sua fã de número 1. Te visito sempre. Seus textos deixam meu dia melhor, mais ensolarado. Adoro te ler, reler, viajar nas suas palavras, em cheiros, gostos e ruídos que viciam a alma da gente, de prazer e vida. Que alegria é estar aqui. Grande abraço carinhoso. Élida Ribeiro Pantoja - Criciúma.

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  3. Que maravilha seu poema... Adoooorei!!!!!!
    E, por falar em pimentas, em temperos, não me envergonho de dizer com todas as letras, adoro esses condimentos apimentados, me dão um calor inenarrável... Um dedo de moça faz bem ao coração. Já está comprovado, e meu namorado Rodolfo que o diga. Ele adora tudo isso. Não fico mais sem fazer as unhas... Risos! "A vida é curta demais para ser pequena". Aproveite o dia de hoje, amanhã só ficarão os anéis! Beijocas.
    Leila Dornelles - Brasília/DF.

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  4. Bom dia, João!
    Os aromas poéticos que por aqui estão, são sabores de frutas e pimentas diversas que arde em emoção.
    Somente um poeta com muita sensibilidade é capaz de transmitir o cotidiano ao leitor como você.
    Eu adoro ir a feira e contemplar a variedade de frutas e cores, cheiros e sabores.
    Gosto do pastel de vento(aquele que quase não tem recheio)rs.
    Gosto também do biju(tapioca) com queijo.
    Eu viajei por aqui e até acho que renderia uma boa conversa rs.
    Parabéns!
    Sandra Cajado

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  5. Muy bonito... es todo muy fresco, muy natural. Saludos.

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  6. Ludugero, to vendo que a "tua" Várzea se parece muito com a minha, rsrsrs. Estou esperando sua visita para ler sobre a "minha" Várzea.

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  7. E nos cheiros e sabores- perder-se
    encantado com odores de ter-se
    mais amores. Mais cores. Mais plurais
    de tudo que se olha e se vê - vendo ser mais
    além daquilo que pode ater.
    E poesias, caídas pelo chão. Ser.

    """

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  8. não tem nenhuma poesia sobre temperos não ???

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  9. é também estou precisando muiito de uma poesia sobre temperos

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