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terça-feira, 5 de abril de 2011

ERA UMA VEZ UMA CACIMBA














ERA UMA VEZ  UMA CACIMBA
Autor: João Maria Ludugero

Na margem do rio eu fiz um buraco na areia
Cavei uns palmos e comecei a ver minha cara
Estampada nos olhos d'água.
Que bom seria se meu poço
Em sua pobrezinha virasse um açude.
Dei mão de uma cuia e esgotei
Um pouco das águas turvas vertentes.
Bati na cuia emborcada, para invocar,
Chamei a mãe-d'água, urgente,
Que num instante, por milagre,
Fez a mina virar cacimba.
A água brotou potável,
Apesar de salobro o rio.
De repente, atirei longe minha cuia
E a humilde cacimba, num assombro,
Como num passe de mágica, se transformou.
Aumentou o volume das águas
E virou uma lagoa comprida.
O manancial engoliu o efêmero rio,
De um dia pro outro, incessantemente.
Hoje, satisfeito percorro essas águas vivas
E até ponho em curso meu veleiro em flor.
No centro do lago, em agradecimento, sempre
Largo uma cuia a boiar com uma vela acesa
E um colorido colar de flores silvestres
Para Iara, que me oceanizou o coração.
Só sei que nunca mais esqueci de beber
Da boa água da lagoa do bom fim.
Eu não queria ser apenas uma cacimba.
Eu queria ser mais que rio, um braço de mar.
E deu no que deu. Não poderia ser diferente.
Nunca mais o elo do Amor se arretirou de mim.
Nunca mais fiz menoscabo do meu desejo,
Que tanta coisa cabe nele e ainda sobeja vida. 

7 comentários:

  1. Querida...

    tem selinho no meu blog pra vc!!

    Beijoos
    http://pathyoliver.blogspot.com/2011/04/200-seguidores.html

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  2. Parabéns, é de muito bom gosto o seu blog.
    Daniel Brandão.
    http://danbrandao.blogspot.com

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  3. Olá amigo João!
    Aqui vim lhe ler e encontrei um belo texto, belo poema.

    Vá até meu espaço:

    transpondo-barreiras.blogspot.com

    Fiaca com Deus...
    Um abração.

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  4. [...]Eu não queria ser apenas uma cacimba.
    Eu queria ser mais que rio, um braço de mar[...]
    Não desista dos seus sonhos, querer é poder!
    Um abraço!

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  5. Oi,João!Td bem?Passando para agradecer sua visita lá no blog!
    Volte sempre!
    beijosss

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  6. Querido João, que delicia de comentário...pode fuçar o quanto e quando quiser , fique a vontade sempre!Vim correndo pela estrada que nem me arrumei direito, mas cheguei e quero ficar por aqui por muito tempo...Tenho muito a aprender contigo!Também invoco escrevo!Amei o texto acima e muito obrigada pelo carinho despejado lá no CASA!
    Abraço
    Valéria

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  7. Adorei chegar aqui para ler teus poemas: são alimentos vitais. Tenho um sonho antigo: escrever poesia. Será que um dia vou conseguir? Sou sertanejo, cavador de cacimba, de tomar banho de cuia e carregar galão d'água, sou um ser aquático, onde as chuvas são temporárias... E da clausura da janela contemplo a chuva que embaça a terra, os roçados,os currais. Depois vou tomar banho de goteira, seguir o curso dos riachos e encontrar barreiros e açudes sangrando. Há em mim uma chama aquática: as águas me querendo e eu temendo amá-las. Imprescindível banhar-se em qualquer estação. Água: princípio da criação, leito que leva ao útero da terra.
    Rui Guerra Coelho De Mendonça

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