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sábado, 26 de junho de 2010

SEM SINTOMAS DE NARCISO

autor: João Ludugero

observando-me
no espelho d'água,
afoito mergulhei fundo
no açude verde-musgo,
mas não deixo a miragem me levar
eu retorno para respirar ares novos

encho o peito,
estufo a alma
eu pinto o corpo,
dou-lhe cores novas
eu me dou flores em vida
estou cada vez mais vivo,
sou um novo João de cada dia,
renasci sem sintomas de Narciso

não me afoguei no Calango
não me disse adeus tão moço
mesmo entorpecido, sobrevivi
não quis morrer tão cedo
tão moço ainda eu persisto,
estou aqui, de coração inteiro

ora elaboro meu banho
de aromas e cheiros
eu não me canso
de achar bonito
de achar belo
o que antes achava
que fosse feio em mim

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