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terça-feira, 29 de junho de 2010

MEU BORNAL DE SEGREDOS

autor: João Ludugero

lá no meu Varzeão
tem disso sim, senhor,
pelas barbas de São Pedro,
nem carece de juiz ou testemunha,
os padrinhos e os compadres,
no mais completo respeito,
as madrinhas e as comadres,
se consagram, dito e feito,
na fogueira de São João

meu Varzeão do bornal de segredos 

das lendas da mulher que chora
e do carro encantado
que some, no coqueiral se e-Vapor-a
no instante de um piscar de olhos,
dos papos na boca da noite
dos vizinhos nas calçadas
a jogar conversa fora
 

minha Várzea das noites
de lua cheia a se derramar
no açude do Calango,
das redes armadas
de algodão ou de sisal,
nos alpendres das casas caiadas,
aguardando a maxixada
com quiabo e jerimum

minha terra da canjica, 
do bolo de macaxeira, mel
do papo de anjo, batata-doce, 
do milho assado na brasa,
da farofa de feijão verde 
da manteiga-de-garrafa
do mungunzá ao coco catolé, 
dos manjares que trazem gosto de céu

e, pelo meio da semana, de quebra,
pirão de peixe escaldado, pitus
caranguejos guaiamuns, aratus e siris
além de outras iguarias  e  pitéus
de dar mesmo água na boca
daí me vem de repente 

aquela boa lembrança
dos tempos de Seu Antonio Lunga,
ai que saudades que sinto
da Várzea da minha infância!

Um comentário:

  1. Li e reli este poema e ADOREEEIIII!!!!!!
    Que saudade desse mungunzá, das guloseimas da terra, dos seus manjares dec Deus. Também fez lembrar da minha infância. Saudade da minha terrinha, lá pras bandas de Joao Pessoa, um dia volto lá! Muito gostoso,uma delícia ler sua poesia tão instigante, de dar água na boca. Parabéns! Vc é um poeta dos bons. Fortíssimo abraço,
    de uma fã sua, embora sequer o conheça.

    Francisca Maria Pontes de Aguiar
    Adoro poesia.Faço Letras no UniCEUB.

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