autor: João Ludugero
o amor me chegou
sem pedir visita,
invadiu-me
fez-me objeto
nem bateu à porta,
não pediu licença,
ao seu bel-prazer,
entrou, usou e abusou
da minha cara de bom-moço,
escancarou ainda mais
as janelas do meu peito
e, sorrateiro,
sem moderação,
bebeu de copo cheio
toda aguardente
tragou-me, de pirraça,
deixou-me antes do alvorecer,
vazio e com bafo de cachaça
fiquei meio que aturdido,
embriagado, sem norte nem oriente,
ali no meio da praça do encontro
a ver a lua a boiar na noite alta,
que não estava nem aí
para minha ressaca
às favas, com meu orgulho bobo,
ele me atirou num banco de espera,
comeu meu coração al dente,
sem sal nem tempero de qualquer sorte
tripudiou-me sem reservas
e ainda fez questão
de palitar os caninos, de pirraça
pois bem, deixa estar
que a própria vida, a seu tempo,
haverá de lhe dar o melhor revide!
é só apostar que essa hora vai chegar
é só apostar pra ver, menina travessa,
que já estou afiando as presas!
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