SÉRIE: VARZEANIDADE EM CHÁS, REZAS E MANJARES,
por João Maria Ludugero
Lá no sítio do Itapacurá
de tio João Pequeno
a vida passava, lentamente,
com a paz e a ternura dos simples,
em roda-de-conversa perto
do altar-de-Conceição de Maria,
onde a dona Zefinha puxava os rosários
em tantas rezas santas.
Era tão bom comer as frutas, as verduras,
as farofas de carne-seca
com cebola roxa, tapiocas,
beijus, grudes-de-coco, cocadas,
línguas-de-sogra, quebra-queixos,
puxa-puxas, peitos-de-moça, cocorotes,
roscas, raivas, carrapichos, xibius,
torresmos, brotes, mungunzás, canjicas,
cuscuz de milho zarolho
e sentir o perfume silvestre
das mangueiras, cajueiros,
jenipapos, jatobás, alecrins, louros, cravos,
erva-doces e manjeronas...
A conversa ao pé do fogo, com o alguidar cheio
de sopa de feijão, baldes de pipoca,
chás de louro e capim-santo,
café coado no saco, bolachas regalias
com manteiga-de-garrafa,
queijos-de-coalho, coalhadas com mel,
nas tardes do agreste que me ninavam
e ainda me ninam nas noites de lua,
observando a ternura da estrela Dalva
pra toda vida ser lembrada desde o interior...
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