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sábado, 16 de maio de 2015

DE PRESENTE: UMA ASTUTA VARZEANIDADE PASSADA A LIMPO, por João Maria Ludugero

 
 
 DE PRESENTE: UMA ASTUTA VARZEANIDADE PASSADA A LIMPO,
por João Maria Ludugero

Senhor, protegei os meus sonhos acordados
além das quatro-bocas, pra lá da seara dos Seixos de dona Santina,
da Vertente Lagoa Comprida , do Maracujá aos Umbus,
dos Ariscos de Virgílio Pedro, terra de dona Beatriz dos Belos,
dos Marreiros, dos Bentos, dos Quilaras, do Vapor de Zé Catolé a Zuquinha, da seara do sítio de Zé Canindé, da feirinha aos domingos,
dos garajaus de rapaduras, das cocadas de dona Alice de Abílio, dos picadinhos em alguidares de dona Sinhá, dos avoadores, aratanhas,
pitus, siris, caranguejos, camarões e outros frutos-do-mar dispostos
nas bancas de Seu Antonio Rodrigues, das soldas de dona Carmozina, dos bolos-pretos, das raivas e carrapichos de dona Zidora Paulino, dos torresmos e paneladas bem-feitos por dona Rosa de Antônio Ventinha,
do Itapacurá das deliciosas pitombas de dona Julieta Alves,
dos beijus, grudes-de-coco, tapiocas, queijos e coalhadas
lá da seara de dona Zefinha de Tio João Pequeno e do carrego
das mangas, cajás, cajus, castanhas, jacas, jatobás, jaboticabas,
cocos-verdes, jenipapos, melancias, jerimuns,
dos Gravatás ao Gado Bravo, da Nova Esperança
da casa-de-farinha de dona Tonha de Pepedo,
do Riacho do Mel de Pascoalino Gomes Teixeira...
Porque varzeamar é andar, a correr dentro pelo interior,
sem medo da cuca esbaforida, também é uma Forma
de viver de manjar, rezar e assanhar até mesmo os pelos
da venta, feito um astuto e levado bem-te-vizinho da Várzea
de Zé Lambu, de Craúna, de Bidu, de Xibimba, irmão de Vira
de Lucila de Preta, Várzea dos bem-apanhados manjares
de Marinam de Ivan de Lica, filha de dona Chiquinha de Leopoldo,
em flandres e travessas de bolos, tortas, peitos-de-moça, raivas, carrapichos, línguas-de-sogra, puxa-puxas, quebra-queixos,
dobradinhas da bodega de Seu Zé Anjo,
a fazer seu canto em sintonia com a Várzea dos Caicos,
bendita terra abençoada por São Pedro Apóstolo,
solo sagrado das animadas festanças juninas,
da quadrilha e do anarriê de Seu Geraldo Anacleto 'Bita Mulato',
das noites de maio a coroar a Santa Maria da Conceição, Mãe de Jesus Cristo, Várzea de Aderbal, de Nova de Dez de Dona Suzéu, dos landuás de dona Neda, das tarrafas de pesca dos Antônios Gomes e Euzébio, do radinho-de-pilha de Seu Nezinho, da marcenaria de Seu Antônio Belo,das pastorinhas de Joaquim Rosendo, do Boi-de-Reis de Mateus Joca Chico,
abençoado rincão fundado por Ângelo Bezerra,
sob a paisagem dos verdejantes juazeiros dos anuns, patativas, sabiás,pintassilgos, canários-de-chão, galos-de-campina,
dos mulungus em alaranjadas flores na beira do rio Joca,
seara agreste do açude do Calango, dos canapus, beldroegas, louros, manjericões, canas-caianas e curimbatórias, seriguelas, ingás, juncos, macaxeiras, maxixes, quiabos e melões-de-Sao-Caetano...


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