Rede avarandada no alpendre
da casa de tio João Pequeno.
Fogão de lenha a recender
cheiro das temperanças do Itapacurá.
O silêncio esfumaça no ar.
Sombras e tisna pelas paredes...
O bule de ágata com alguns descasques na tinta azul.
Um cheiro de café coado no saco de pano,
capins santos, ervas doces e cidreiras.
Cuias com broas de fubá, tachos de goiabada-cascão,
compotas de caju, doce deleite.
Um alguidar cheio de batatas-doces cozidas,
milho assado na palha e tapiocas.
Dona Zefinha cheia de muitas estórias
de assombração, de almas penadas.
O nicho do oratório repleto de santos
e flores de crepom azuis e encarnadas,
velas-de-sete-dias a queimar cismas.
Dona Zefinha ronda vigilante e quieta,
abanando o fogo em brasas incandescentes
a alumiar a pequena cozinha. Apenas o fogaréu,
as achas-de-lenha a crepitar,
enquanto um magote de meninos
traquinas espia pelo buraco
da tramela a brejeira Joaninha
que se despe junto à bica do banheiro de pau-a-pique...
A inocência se desnuda, sem vergonha de ser linda
com seus peitos de sapeca menina-moça...
O sabão escorrega, a espuma desce e lava a alma
de quem está na espreita, limpando a vista...
Madeiras estalam na dança das labaredas,
enquanto a menina com seios de dois limões e pêlos ralos,
bem se apanha ao se banhar contente,
sem motivo para esconder as coisas de Deus,
se deixando gostar de ser curiada e benquista.
Amigo poeta, a Dona Zefinha conquistou-me:)!
ResponderExcluirDe coisas "simples" és um fazedor de poesia!
Abraço amigo
Prezado Álvaro Lins, obrigado pela força de sempre. Apareça. Forte abraço.
ExcluirJoão Ludugero,poeta.
Prezado Álvaro Lins, obrigado pela força de sempre. Apareça. Forte abraço.
ExcluirJoão Ludugero,poeta.