Elevo meu pensamento
Que chega até o horizonte
Da minha pequena Várzea
E vejo à minha frente
Duas palmeiras esvoaçantes
De fronte à igreja azul
Que traz no topo
O príncipe dos apóstolos,
Pedro, a erguer seu olhar
Por toda minha cidade.
E o meu coração menino
Imerso num mar de amor imenso
nunca vai deixar de brincar de rio.
Por isso, tratei de arranjar uma canoa nova.
E fui por aí a cantar, a elaborar meu cântico,
A fazer do desencanto um tanto ou quanto,
Quiçá um jeito de esboçar o que sinto
Aonde a poesia possa me levar...
E acabo por me achar
Varzeamado aos cântaros!
Logo, que venham muito mais janeiros
Sobre as pernas, e que as pernas os aguentem,
Assim como a cabeça desenha o poema.
E por muito que o tempo
De mim se apodere
E pesem os dezembos,
Apesar do fardo que eu leve,
Faço com que minha canoa navegue
Na margem esquerda do peito,
Mas não espero que apodreça,
Vou até o fim, sem trégua,
A brincar de riacho, de ser rio.
Nesse rio careço ainda muito me banhar,
Lavar a égua, até um dia desfalecer no mar
De amar, espremido entre meus versos,
A navegar na precisão das horas,
Remando sem temer as pedras do Joca,
Mesmo sabendo que um dia a canoa apodrece.
E daí, se vivi a vida que bem quis,
Sem ter medo de pisar no vão,
Na vau do rio corri, nadei,
segui meu destino às braçadas.
E ainda tenho muito que vivê-lo.
Mas como sabê-lo, se não navegá-lo?
Cada vez que leio seus versos fico Varzeamado por nossa cidade!(Risos)
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