Apressei o passo.
Disparei pela rua acima.
Atravessei a Brasiliano Coelho,
Quando, do chão, já subia o mormaço
Dos primeiros pingos
De chuva que molhara meu rosto.
Foi tudo tão de repente,
Antes mesmo que o bem-te-vi
Avisasse que o verão prenunciava chuva
Sem dizer o que viu, inquieto,
Acho que veio trazer a chuva.
Logo presenciei a saudade
disposta se debulhar
No meu rosto, em lágrimas.
Isto porque me lembrei de dona Maria
A recolher as roupas do varal
Ali na esquina da casa rosada,
Ali na rua coronel Felipe Jorge.
Cheguei em casa quase encharcado.
E no compasso mais impreciso,
Veio a saudade ter seu espaço.
Irresignado, chorei.
Teria sido a chuva de verão
Teriam sido as lágrimas
Que lavaram minha face?
Parei por um momento e pude ver
Os alunos das escolas vizinhas, em medo patente,
Mais precisamente os alunos uniformizados
Da Escola Dom Joaquim de Almeida
A cobriram-se de inusitados cadernos,
Pastas, mochilas, camisas, capas
E guarda-chuvas levados ao vento.
E se ouvia o estilhaço
Dos espelhos d’água em pedaços
Pelos pés fugitivos, fardados.
Enquanto isso, ali no Cruzeiro
A reverência de um antigo incenso,
Velas ainda quase inteiras
E outras em derretida parafina.
Foi aí que me lembrei, não por acaso,
Da inesquecível dona Eugênia Bento
Ali na casa azul da esquina,
A acenar chamando suas Marias
Das Graças e da Penha,
Uma vez que a mesa do almoço
Estava posta, que encostassem
As portas da venda.
Dona Bena era assim tão bonita
E trazia no semblante calmo
A tez irmã da própria paz.
Ela tinha bondade demais no coração
Estampado no seu sorriso franco.
Eu tive a chuva a me trazer lembranças
Da minha amada Várzea das Acácias.
Foi o acesso de riso da natureza
No canto do meu pequeno bem-te-vi,
Que me veio trazer a chuva.
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