Autor: João Maria Ludugero
Chegou o dia, o que eu mais esperei.
Vou pra minha Várzea
Rever minha gente pacata,
Ver de perto o açude do Calango,
O rio Joca e o Vapor
Vou pedir minha bênção a São Pedro
Agora no topo da igreja, a olhar por todos,
Vou rever minhas professorinhas
Dona Marica, Vilma, Dezilda,
Terezinha Bento e dona Zilda
Vou à feira de domingo comprar
Goma de tapioca, cocada e caldo de cana
Vou me lambuzar nos doces umbus
E cajás lá do riacho do mel,
Vou-me enveredar pelos campos do bem-querer,
Seixos, Maracujá, Itapacurá a dentro,
Quero me 'quilariar' nos ariscos
De água doce, renovar minhas esperanças
Na areia do rio quero me sentar
Na rima da palavra só me lembro
Da igreja azul de São Pedro
E de suas belas palmeiras a imperar
A reverdecer minhas doces lembranças
Por isso faço a mala e vou
Correndo pr'o meu lugar.
Mas que lugar é esse
que vive a me chamar?
Quero me sentir inteiro,
Andar descalço, criar asas,
A sentir o cheiro da terra,
Satisfeito, encher os pulmões
De bons ares e sentar no seu colo
Só pra desfalecer nos braços
Da paz verdadeira.
Que lugar é esse?
Esse lugar existe?
Existe sim, e se chama Várzea.
Seja bem-vindo, sinta-se em casa!
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