Seguidores

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

ISTO É VÁRZEA - 50 ANOS DE AMOR E DE ESPERANÇAS,

ISTO É VÁRZEA - 50 ANOS DE AMOR E DE ESPERANÇAS,
DE TAPIOCAS, BEIJUS, SEQUILHOS E GRUDES DE GOMA COM COCO,
DENTRE OUTRAS IGUARIAS SEM PAR!


Autor: João Maria Ludugero.


Como é bom viajar para lá, sair de férias, curtir toda simplicidade daquele lugar. É gratificante andar pelas ruas, pelas calçadas, pelos becos da minha Várzea. É bom demais da conta acordar bem cedo, sair aos domingos e parar pelas barraquinhas da feira-livre e sentir o gostinho bem varzeano que essas guloseimas portam em si. Melhor ainda quando se está em companhia das melhores, entre irmãos, amigos de infância e outros entes queridos que fazem todos os desejos do filho visitante que retornou à sua Várzea para matar um pouco das saudades!
Sinto-me, deveras um príncipe em seu reinado.


Assim como eu sou um bom observador, e a cada dobra do caminho, a cada rua de paralelepípedos bem delineados na rua da pedra, cada coisa que muda de cenário, ali encontro bem diante de mim, um mundo que é só meu, o meu mundo! São nas pequenas coisas do mundo de ontem, do tempo do sempre, assim como havia guardado na memória desde minha infância, são nestas pequenas ocorrências que reencontro a minha Várzea das Acáciasl e fico bastante feliz ao sentir que ainda está intacta! E eu gosto dela assim, com todas as suas nuanças de simplicidade, de vida simples, sem muitas frescuras de cidade grande. Várzea é assim e eu gosto dela do jeito que é, incondicionalmente, sem tirar nem por, com toda modéstia.


A boa gente varzeana, tão hospitaleira, consegue sorrir apesar de todos os pesares, consegue mostrar cortesia ao visitante de passagem, e também aos filhos que ali retornam para matar as saudades. Essa gente que está sempre se preocupando em fazer o melhor para agradar a todos.


"- Meu filho, deixa eu fazer uma tapioca fresquinha, essa aqui já tem mais de hora... " E com um enorme sorriso nos lábios, a saudosa Dona Zidora misturava a goma com sal e água e acenava para Piedade ir buscar um coco ralado, ingrediente que dará um sabor todo especial a saborosa 'panqueca de origem indígena' que existe no nordeste e já tomou conta do país inteiro, aqui mesmo em Brasília, capital da República, dispomos de várias tapiocarias, mas igual à tapioca varzeana não dá nem mesmo para se cogitar uma coisa dessas. A tapioca à varzeana não tem similar. É mesmo um manjar dos deuses!


A simplicidade e a essência da legitima cultura do varzeano é, sem sombra de dúvida, um destes intactos cartões postais potiguares que com certeza se tornam cada vez mais raros! E não é puxando a sardinha para o meu lado, mas é muito difícil alguém conhecer Várzea e não se apaixonar por aquele lugar. Foi uma vez, vai querer visitá-la sempre. Quer tirar a prova, visite a minha Várzea das Acácias! Ao vivenciar uma experiência como esta, meu coração fica cheio de gratidão e minhas preces sobem ao Supremo Pai do Universo pleiteando o bem estar desta gente tão boa e hospitaleira, minha gente varzeana!


Essa gente conta consigo mesma a cada dia que Deus dá. E Deus dará... é bonito de se ver, é lindo ver o espírito empreendedor do varzeano. Trabalham com paciência de Jó e nunca perdem a esperança, pois esta se renova quase sempre... Lembro-me do magote de meninos, inclusive eu, Picica e o Abimael, desde meninos, vendendo pastéis, pirulitos, doces de banana, goiabada, cocadas e dindin (aquele geladinho com gosto de frutas). Lembro-me, também, das mocinhas vendendo artesanato de sua própria fabricação, Maninho no seu bar fritando peixes e aves, senhoras idosas ainda fazendo tapioca ou até mesmo rendas e Dona Das Neves com seu fuxicos coloridos; dentre outras mães esperando as crianças chegarem da escola,para saírem vendendo pirulitos caseiros ou tijolinhos de doce de leite e doce de banana, ali mesmo na rua do Cruzeiro, defronte à Escola Dom Joaquim de Almeida. E a gente fazia esse "trabalho" com alegria, sem reclamar da vida, pois a gente era feliz e bem sabia disso.


Várzea tem um pouco de tudo e de tudo um pouco. É gostoso passear na feira de domingo, comprar redes, doces de cajus e castanhas, queijos de coalho, manteiga de garrafa, picadinhos de carne de porco, sarapatel, mocotó, buchada de cabrito. Garajaus de rapaduras, de peixes e outros pescados, compotas das mais variadas frutas, frutas dos mais variados sabores.


Minha Várzea é um mundo encantado e especial que em si comporta um universo mais complexo do que se pode imaginar... Sabores da minha Várzea que torço para que tão logo não deixem de existir... Sabores da minha Várzea, da minha terra potiguar, do meu amado Rio Grande do Norte, que devem ser incentivados a existir para sempre!!!


É demais gratificante rever e aprender com os valores da terrinha. Espero que os varzeanos honrem seus costumes, e respeitem essa economia espontânea e esses empreendimentos tão ricos, tão modestos. Espero que neste novo milênio de globalização, ainda exista espaço para as pacatas barraquinhas de tapioca da feira, broas de goma, quitutes e outras iguarias varzeanas... E mais ainda, espero que aquela boa gente continue a sorrir e se preocupar em fazer uma tapioca fresquinha para si, para suas famílias, para sua freguesia visitante, por muito e muito tempo. E que viva o povo varzeano. Viva a minha Cidade da Cultura, Viva a minha Várzea das Acácias, a terra da Felicidade!

Nenhum comentário:

Postar um comentário