OLHARES DA MINHA VÁRZEA-RN,
Autor: João Maria Ludugero
O meu olhar varzeano é uma casa de luzes.
Toda manhã tem uma nova chegada:
A alegria, a expressão consentida em cores, como visitantes inesperados.
A andar, a correr dentro e a voar alto entretendo-se pelo agreste dos papa-jerimuns, das macaxeiras, das regalias dos brotes, das soldas, dos sequilhos, das raivas, dos carrapichos, dos peitos-de-moça, dos babaus de batatas-doces, dos beijus, das tapiocas, das coalhadas....
Mesmo que seja uma varzeanidade aberta em cores,
Que adentram minha casa e espelham no meu coração.
E, de tal sorte, assim tratam minha vida honradamente, não só de manjar na lida, sem medo da cuca esbaforida, mas se preciso for, chegam a me assanhar até mesmo os pelos da venta, pelo vão da saudade que mareja em meus olhos d'água e não se esvaziam junto à bendita seara de São Pedro Apóstolo.
Meu pensamento iridescente, repleto da luminosidade das onze-horas a enriquecer nossa Várzea em acordes de sonhos, desde as quatro-bocas além da praça do Encontro Cleberval Florêncio ao Recanto do Luar de Raimundo Bento... e o lusco-fusco da tarde amena encontra-me à porta rindo, a me ninar feito astuto menino medonho tão levado da breca...
Agradeço ao que vem, dia-após-dia, à seara dos destemidos tô-fracos das galinhas d'Angola dispostas pelo sítio do Maracujá, pelos Seixos, pelos Umbus, Formas, Ariscos e pelo Itapacurá de Tio João Pequeno...
porque cada olhar me é traduzido como senha-guardiã da minha Várzea da inesquecível madrinha Joaninha Mulato.
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