SÉRIE: VÁRZEA-RN - UM CAÇUÁ DE SAUDADES,por João Maria Ludugero
Dona Ana Moita benzia espinhela caída e curava dores de dente,Sem esquecer de lembrar que ela afastava encostos e ziquiziras.Por isso ela tinha a reza mais segura dos quebrantos.
Dona Carmozina fazia uns biscoitinhos minúsculos chamados raivas, carrapichos de coco, sequilhos, brotes, soldas, beijus, tapiocas, bolo-preto dentre outras delícias de puxa-puxas, grudes e bolachas chamadas regalias.
Dona Zidora Paulino era uma mulher de fibra, destemida, não esmorecia nem cansava na rotina da lida, além de lavar trouxas e trouxas de roupas encardidas, ela ficava de sentinela a tecer seus flandres de bolo de fubá, cocadas brancas e queimadas em quebra-queixos, espalhadas pelo Suetônio.
O tempo se desenrolava como um rio por entre as casas de porta e janelaPequenas vidas nada esbaforidas, a solavancar a tarde amena da seara de madrinha Joaninha Mulato, bem lá no banco de Nina, irmã de Dezilda, Do Carmo, dona Nova e dona Das Neves tecedora de multicoloridos fuxicos.Pequenos acordes de sonhos renovados na terra de Maria Maroca, de Marica de Otávio Gomes, de Manoel de dona Santina de Ocino, de Vira de Lucila de Preta, de Nanuca de Palito e da inesquecível Fátima Belo.
Na noite imensa as estrelas eram bem vistas desde as duas palmeiras imperiais de SãoPedro Apóstolo, onde a gente ficava na espreguiçadeira em rodas de conversas com os vizinhos que se apanhavam paradosSentados à porta a jogar conversa mais pra fora que pra dentro, assim dispostos entre Nezinho, Zeca Dudu, Tota de dona Chica de Seu Leopoldo, Maria de Franco, Bita Mulato, Plácido Nenê Tomaz de Lima, assuntando de santos, de mágicos, lendas, estórias de trancoso, assombração e piadas da vida de sábios varzeanos a correr dentro e alto pelas platibandas da rua grande.
Meu velho amigo Biga de Ana do Rego e o terno farmacêutico Bita Mulatopropunham-se e compunham charadas que depois orgulhosamente se estendiam pelas quatro bocas da Várzea das Acácias de Severino 'Silva Florêncio' Sobrinho.
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