KIRO LUSCO-OFUSCADA PELO MADURO MENINO LUDUGERO,
por João Maria Ludugero
Daí, somos diferentes, Kiro e eu.
Ela tem forma e toda graça
E aquela sabedoria de só saber crescer
Até dar pé, a correr dentro e alto.
Eu não sei onde quero alcançá-la,
Só mesmo além de Nova Canaã
E só sirvo para uma astúcia
- Que ainda não sei qual é!
Ela é de outra seara
E eu sou da Várzea das Acácias.
Tu, musa em flor de Nova Canaã,
Eu, poeta potiguar do agreste verde.
Gosto de um som da seara da peleja:
Forró, embalo de dança, gingado
Muito rela-umbigo, arrasta-pé, furdúncio.
Mas prefiro o samba e a cantiga da MPB
Que mais se atreva a me elevar dentro e alto.
És vidrada na sinfonia da vida em solavancos,
Eu sou mais João redondo,
Mamulengo levado da breca.
Tu, Kiro, menina-moça destemida,
Eu, sou Ludugero sem-vergonha;
És esvoaçante, eufórica
E até selvagem com afinco
Como uma arribação do trópico,
Eu já sequei meus olhos d'água
E me resignei com o prumo da lida
Como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim,
Eu não tenho nada teu,
Mas, além dos jasmim-manga em flor,
Tu, Kiro-kiro, sempre na mira do poeta João Ludugero.
E eu, alado tetéu ou quero-quero,
Sem cela, laço, fojo ou cabrestos.
Gostas daquelas festanças
Que começam ao acaso em bons ares.
Gosto de graves rituais da alma solta
Em que sou ávido em álibi pertinente;
E, ao mesmo tempo, metido a xará.
Tu és um corpo e eu um vulto astuto,
És uma musa, eu um menino levado da breca.
Tu, muito dentro da beleza sem furtar a cena,
Eu, poeta maluco nunca esmorecido,
Desses que assanham
Até os pelos da venta!
És multicolorida,
Um tanto arteira às onze-horas
E só articulas em viver de alerta.
Sou meio esbaforido,
Algo pra lá de cantigueiro,
E não me canso em compor poemas.
Somos cada um de volta-ao-mundo em pano...
Uma alma sã e o outro tão insano,
Dentro da eufórica assombração da vida.
Tu, Kiro a se enquadrar de engenho e arte.
Eu, fora da compostura em aparte.
Kiro, dizes na cara
O que te vem a tino, de uma vez,
Com coragem e ânimo destemeidos.
Hesito entre a lavra de algumas palavras,
Escolho uma que me eleva ao canteiro dos bem-te-vizinhos...
E, por derradeiro, me inflamo a traduzir o sinônimo.
Tu não temes o engano a correr pela vida afora, afoita.
Enquanto eu cismo, passo a passo, por outras bermas...
Em ti, bem-me-Kiro, com afiada precisão a contento me inspiro.
Eu, em Ludugerismo, pronto para exorcizar meus bichos encostados.
por João Maria Ludugero
Daí, somos diferentes, Kiro e eu.
Ela tem forma e toda graça
E aquela sabedoria de só saber crescer
Até dar pé, a correr dentro e alto.
Eu não sei onde quero alcançá-la,
Só mesmo além de Nova Canaã
E só sirvo para uma astúcia
- Que ainda não sei qual é!
Ela é de outra seara
E eu sou da Várzea das Acácias.
Tu, musa em flor de Nova Canaã,
Eu, poeta potiguar do agreste verde.
Gosto de um som da seara da peleja:
Forró, embalo de dança, gingado
Muito rela-umbigo, arrasta-pé, furdúncio.
Mas prefiro o samba e a cantiga da MPB
Que mais se atreva a me elevar dentro e alto.
És vidrada na sinfonia da vida em solavancos,
Eu sou mais João redondo,
Mamulengo levado da breca.
Tu, Kiro, menina-moça destemida,
Eu, sou Ludugero sem-vergonha;
És esvoaçante, eufórica
E até selvagem com afinco
Como uma arribação do trópico,
Eu já sequei meus olhos d'água
E me resignei com o prumo da lida
Como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim,
Eu não tenho nada teu,
Mas, além dos jasmim-manga em flor,
Tu, Kiro-kiro, sempre na mira do poeta João Ludugero.
E eu, alado tetéu ou quero-quero,
Sem cela, laço, fojo ou cabrestos.
Gostas daquelas festanças
Que começam ao acaso em bons ares.
Gosto de graves rituais da alma solta
Em que sou ávido em álibi pertinente;
E, ao mesmo tempo, metido a xará.
Tu és um corpo e eu um vulto astuto,
És uma musa, eu um menino levado da breca.
Tu, muito dentro da beleza sem furtar a cena,
Eu, poeta maluco nunca esmorecido,
Desses que assanham
Até os pelos da venta!
És multicolorida,
Um tanto arteira às onze-horas
E só articulas em viver de alerta.
Sou meio esbaforido,
Algo pra lá de cantigueiro,
E não me canso em compor poemas.
Somos cada um de volta-ao-mundo em pano...
Uma alma sã e o outro tão insano,
Dentro da eufórica assombração da vida.
Tu, Kiro a se enquadrar de engenho e arte.
Eu, fora da compostura em aparte.
Kiro, dizes na cara
O que te vem a tino, de uma vez,
Com coragem e ânimo destemeidos.
Hesito entre a lavra de algumas palavras,
Escolho uma que me eleva ao canteiro dos bem-te-vizinhos...
E, por derradeiro, me inflamo a traduzir o sinônimo.
Tu não temes o engano a correr pela vida afora, afoita.
Enquanto eu cismo, passo a passo, por outras bermas...
Em ti, bem-me-Kiro, com afiada precisão a contento me inspiro.
Eu, em Ludugerismo, pronto para exorcizar meus bichos encostados.
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