AVÓ DALILA: BONINA EM FLOR,
por João Maria Ludugero
A beleza da palavra e o candura das flores
compunham a riqueza do jardim da minha inesquecível avó Dalila Maria da Conceição.
Pequeno, singelo, simples até, um recanto assim paradisíaco entretido em cantigas de destemidos 'tô-fracos' de guinés ou galinhas-d'angola a esvoaçar além do jardim repleto de jasmim-manga e mulungu em flor.
A casa caiada de pintura desbotada e a bica verde-musgo no quintal entre os louros, ervas-doces, capim-santo, juncos e beldroegas, deixava entrever
um buquê de margaridas e o verde como que saído das canas-caianas.
Era lá, perante o desgaste do galinheiro do quintal, que a bonina florescia.
Minha avó Dalila me chamava para me espairecer em vê-la,
toda vez em que eu a visitava lá na Várzea das Acácias...
Tenho na memória a imagem de flores e frutos, principalmente mamoeiros, goiabeiras e tomates, próximo ao canteiro de alecrim e manjericão.
Mas, os nomes nunca perderam a magia e o encantamento...
Belo mesmo era ouvi-los ditos por ela,
quando me pegando pela mão, antes de ir ao açude do Calango, falava:
- Venha meu querido João menino medonho, ver o sorriso doce
que nos oferece a bonina!
E como era doce e cândido o sorriso da minha amada avó Dalila, minha terna e florescida bonina!
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