Desde que me entendo por gente
Eu sou um enamorado de Várzea!
Para sentir melhor o céu de São Pedro apóstolo,
ergui a minha casa entre a vargem e o Calango.
Só pra quando a chuva cair, encher o açude
e a água que sangrar, passar a lavar meus pés,
enquanto peixes descem em direção ao rio Joca,
enquanto vejo o capim e os juncos reverdecerem,
tudo ganhando vida num simples movimento:
frondes dos coqueiros, ninhos de inhambus,
gorjeio de pássaros ao vento da tarde amena.
Eu sou um enamorado de Várzea!
Amo-a por tudo quanto ela me pode dar:
A água fresca dos ariscos, o riacho do mel,
a carícia das sombras dos verdes juazeiros
e até a calma silenciosa e mansa do Vapor.
Quero beber desse crepúsculo rutilante
que se deita devagar sobre o agreste verde...
que cada folha molhada de sereno mate a minha sede
com o orvalho da manhã feito um suave licor de jenipapo.
Inspiro bons ares advindos do Itapacurá e do retiro,
abro os pulmões, sorvendo em tudo o que me envolve
essa onda de perfumes, cheiros e ruídos
que vêm do amor e que me levam a varzeamar.
Vida! Quero viver tudo que tenho direito, e mais
além do que guardei nas mãos e o que nunca alcancei.
Quero ser um pouco de ti no espelho das paisagens
para, quando chegada a hora de partir,
levar dentro dos olhos um pouco do bom e do belo,
a beleza imortal de tudo quanto amei.
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