Bate, rebate, mão-de-pilão!
ânimo do braço e da lida,
utensílio rústico e potente,
com humilde e valorosa força
quebras milho e mandioca
amassas grãos em farinha,
como chamar-te preguiça,
se, para nós, fazes pão,
se entre uma leva e outra
vais esmurrando a canjica?
Mão-de-pilão a apisoar,
separas a palha do grão,
soca que socas
a triturar nó encruado,
despolpar e repisar, amiúde,
sem piedade nem dó,
a moer pedras de sal,
refinar cristais de açúcar mascavo,
fazer mistura, bolos e paçoca,
polvilho de tapioca, beiju e grudes;
laboras e gemes sua bronca
não descansas sua sina,
com ânimo vais pilando sonhos
aos acordes calejados,
vais afastando os males
e curando as espinhelas caídas;
descascando incansável
o que em nós curte o tempo
o que se esvai ou estanca,
o que prossegue estocado
o que prossegue estocado
transformado em pó,
longe que vais, longe da cantiga
além do sol da manhã
que se levanta a bater adiante
e chega manso, de repente,
entardecido na soleira da porta
nessa toada mão-de-pilão
que ecoa seca na alma e na carne,
e fica a fazer tantã, titi-ti, tata-tá!
a tocar bem lá no cerne
na massa da cabeça da gente.
na massa da cabeça da gente.
Então... tudo era à base da força humana! Hoje, eletrificado e tecnologicamente digitalizado... apertamos botões, ligamos na tomada e, ainda há reclamações pelo serviço a se fazer!!!
ResponderExcluirAbraço, Célia.
C'était plus difficile mais certainement plus enrichissant...
ResponderExcluirGros bisous
Poeta Ludugero,
ResponderExcluirhoje você me fez chorar de saudade da minha avó Noêmia Belarmino, dos lugares da minha infância, do quintal da sua casa e dos utensílios que ali existiam, dentre eles, o pilão.
E como tão bem você o colocou neste poema!
E que há muito tempo não vejo!
Obrigada, valeu !
Liana Belarmino Ortiga,
São Paulo-SP.
Psicóloga.
João, parabéns, escreve muito bem, porque você não escreve um livro! (tô escrevendo o meu). Você é muito bom com seus textos! Tem cada poema... Ufa!!! Maravilha seu blog! Abração,
ResponderExcluirNívea Castro Mendes.
Fantástico!
ResponderExcluirValeu!
Hilton Meireles.
Ó poeta dos bons!!! Que estejas sempre com estas ideias iluminadas! Muito bom seu blog! Teus poemas são mesmo de respeito. Abraço,
ResponderExcluirMarcos Valério Serra
Legal demais!
ResponderExcluirDestaco:
"e chega manso, de repente,
entardecido na soleira da porta
nessa toada mão-de-pilão
que ecoa seca na alma e na carne,
e fica a fazer tantã, titi-ti, tata-tá!
a tocar bem lá no cerne
na massa da cabeça da gente."
PARABÉNS!
Vinicius C. Cunha
Tua poesia daria uma bela canção,
ResponderExcluirse musicada! Pense nisso.
Valeu!
Pedro Abranches Neto
Já citei e repiso:
ResponderExcluir"Não há poesia sem um complexo de imagens e um sentimento que o anima." (Benedetto Croce)
Abraços,
Raoni Serra
Acabei te descobrindo e viciei no teu blog.
ResponderExcluirJá te "persigo". Acabei Ludugerado, ludugerando, ludossíntese, ludugeral!
Valeu, grande poeta!
Beijos.
Cintia Maria Fuentes.
Poema maravilhoso!
ResponderExcluirDestaco, com alegria:
"Bate, rebate, mão-de-pilão!
ânimo do braço e da lida,
utensílio rústico e potente,
com humilde e valorosa força
quebras milho e mandioca
amassas grãos em farinha,
como chamar-te preguiça,
se, para nós, fazes pão,
se entre uma leva e outra
vais esmurrando a canjica?"
Valeu demais!
Bica Sobrinho Neves.
José Manuel M. Gonçalves disse...
ResponderExcluirPrezado Poeta J. Ludugero,
olá cara, preciso te dizer isso: as pessoas as vezes se esquecem dos blogs, ou por não terem tempo, ou porque não sabem o que escrever. Muitos blogs pecam por não se atualizarem, o que acho fundamental. Teu blog tem sempre posts incriveis e bem bolados. Acho que de tudo podemos aprender ou ler nessa vida e é essencial deixar comentário daquilo que gostamos.
Um forte abraço do teu amigo brasileiro daqui de Portugal.
Sou teu fã e seguidor. PARABÉNS! pelo belíssimo poema da mão-de-pilão. És um cara feliz!
José Manuel Maria Gonçalves
Ludugero poeta, ¡salud! Me gustó tanto de su poesía que tengo que traducir a mi idioma, me lo permite:
ResponderExcluir"Huelga, columpios, mano de libras-!
el estado de ánimo del brazo y leer,
herramienta rústica y de gran alcance,
con una fuerza humilde y valiente
rompe el maíz y la yuca
aplastar el grano en harina,
cómo te llaman perezoso,
si, para nosotros, hacer pan,
tarda entre uno y otro
golpeando el maíz blanco va?
Mano-a-libras a apisoar,
separas la paja del grano,
golpes que obstruye
el terreno en el endurecimiento de trabajo,
pulpa a vivir, a menudo,
sin piedad ni compasión,
piedras de moler la sal,
perfeccionar los cristales de azúcar morena,
para mezclar, pasteles y táctica,
harina de tapioca, tapioca y fijos;
trabajo y se lamentan de sus regaños
que el resto de su destino,
el estado de ánimo va sueños pilando
endurecido para los acordes,
alejándose de los males
espinoso caído y la curación;
implacable bombardeo
lo que nos gusta en el tiempo
que se anula, o se estancan,
lo que pasa en los almacenes
se convirtió en polvo
usted va a estar lejos, lejos de la canción
Además del sol de la mañana
el aumento de golpear por delante
manso y llega de repente
atardecer en la puerta
sintonía en este mano a torre
la sequía que se hace eco en el alma y la carne,
y lo está haciendo mucho, tía-ti-ta tata!
para jugar bien allí en el corazón
en la masa de cabezas.
Muy bueno tu poema! Que amaba con una pasión!
Saludos,
Vera-Maria Blanca Gonzales,
Oviedo.