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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

MÃO-DE-PILÃO

Bate, rebate, mão-de-pilão!
ânimo do braço e da lida,
utensílio rústico e potente, 
com humilde e valorosa força
quebras milho e mandioca
amassas grãos em farinha,
como chamar-te preguiça,
se, para nós,  fazes pão,
se entre uma leva e outra
vais esmurrando a canjica?
Mão-de-pilão a apisoar,
separas a palha do grão,
soca que socas
a triturar nó encruado, 
despolpar e repisar, amiúde, 
sem piedade nem dó,
a moer pedras de sal,
refinar cristais de açúcar mascavo,
fazer mistura, bolos e paçoca, 
polvilho de tapioca, beiju e grudes;    
laboras e gemes sua bronca 
não descansas sua sina,
com ânimo vais pilando sonhos 
aos acordes calejados, 
vais afastando os males
e curando as espinhelas caídas;
descascando incansável 
o que em nós curte o tempo
o que se esvai ou estanca,  
o que prossegue estocado 
transformado em pó, 
longe que vais, longe da cantiga
além do sol da manhã 
que se levanta a bater adiante
e chega manso, de repente,
entardecido na soleira da porta  
nessa toada mão-de-pilão 
que ecoa seca na alma e na carne, 
e fica a fazer tantã, titi-ti, tata-tá!
a tocar bem lá no cerne 
na massa da cabeça da gente.

13 comentários:

  1. Então... tudo era à base da força humana! Hoje, eletrificado e tecnologicamente digitalizado... apertamos botões, ligamos na tomada e, ainda há reclamações pelo serviço a se fazer!!!
    Abraço, Célia.

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  2. C'était plus difficile mais certainement plus enrichissant...
    Gros bisous

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  3. Poeta Ludugero,
    hoje você me fez chorar de saudade da minha avó Noêmia Belarmino, dos lugares da minha infância, do quintal da sua casa e dos utensílios que ali existiam, dentre eles, o pilão.
    E como tão bem você o colocou neste poema!
    E que há muito tempo não vejo!
    Obrigada, valeu !
    Liana Belarmino Ortiga,
    São Paulo-SP.
    Psicóloga.

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  4. João, parabéns, escreve muito bem, porque você não escreve um livro! (tô escrevendo o meu). Você é muito bom com seus textos! Tem cada poema... Ufa!!! Maravilha seu blog! Abração,
    Nívea Castro Mendes.

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  5. Fantástico!
    Valeu!
    Hilton Meireles.

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  6. Ó poeta dos bons!!! Que estejas sempre com estas ideias iluminadas! Muito bom seu blog! Teus poemas são mesmo de respeito. Abraço,
    Marcos Valério Serra

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  7. Legal demais!
    Destaco:
    "e chega manso, de repente,
    entardecido na soleira da porta
    nessa toada mão-de-pilão
    que ecoa seca na alma e na carne,
    e fica a fazer tantã, titi-ti, tata-tá!
    a tocar bem lá no cerne
    na massa da cabeça da gente."

    PARABÉNS!
    Vinicius C. Cunha

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  8. Tua poesia daria uma bela canção,
    se musicada! Pense nisso.
    Valeu!
    Pedro Abranches Neto

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  9. Já citei e repiso:

    "Não há poesia sem um complexo de imagens e um sentimento que o anima." (Benedetto Croce)

    Abraços,
    Raoni Serra

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  10. Acabei te descobrindo e viciei no teu blog.
    Já te "persigo". Acabei Ludugerado, ludugerando, ludossíntese, ludugeral!
    Valeu, grande poeta!
    Beijos.
    Cintia Maria Fuentes.

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  11. Poema maravilhoso!
    Destaco, com alegria:
    "Bate, rebate, mão-de-pilão!
    ânimo do braço e da lida,
    utensílio rústico e potente,
    com humilde e valorosa força
    quebras milho e mandioca
    amassas grãos em farinha,
    como chamar-te preguiça,
    se, para nós, fazes pão,
    se entre uma leva e outra
    vais esmurrando a canjica?"

    Valeu demais!
    Bica Sobrinho Neves.

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  12. José Manuel M. Gonçalves disse...
    Prezado Poeta J. Ludugero,

    olá cara, preciso te dizer isso: as pessoas as vezes se esquecem dos blogs, ou por não terem tempo, ou porque não sabem o que escrever. Muitos blogs pecam por não se atualizarem, o que acho fundamental. Teu blog tem sempre posts incriveis e bem bolados. Acho que de tudo podemos aprender ou ler nessa vida e é essencial deixar comentário daquilo que gostamos.
    Um forte abraço do teu amigo brasileiro daqui de Portugal.
    Sou teu fã e seguidor. PARABÉNS! pelo belíssimo poema da mão-de-pilão. És um cara feliz!
    José Manuel Maria Gonçalves

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  13. Vera-Maria Blanca Gonzales1 de novembro de 2011 às 18:29

    Ludugero poeta, ¡salud! Me gustó tanto de su poesía que tengo que traducir a mi idioma, me lo permite:
    "Huelga, columpios, mano de libras-!
    el estado de ánimo del brazo y leer,
    herramienta rústica y de gran alcance,
    con una fuerza humilde y valiente
    rompe el maíz y la yuca
    aplastar el grano en harina,
    cómo te llaman perezoso,
    si, para nosotros, hacer pan,
    tarda entre uno y otro
    golpeando el maíz blanco va?
    Mano-a-libras a apisoar,
    separas la paja del grano,
    golpes que obstruye
    el terreno en el endurecimiento de trabajo,
    pulpa a vivir, a menudo,
    sin piedad ni compasión,
    piedras de moler la sal,
    perfeccionar los cristales de azúcar morena,
    para mezclar, pasteles y táctica,
    harina de tapioca, tapioca y fijos;
    trabajo y se lamentan de sus regaños
    que el resto de su destino,
    el estado de ánimo va sueños pilando
    endurecido para los acordes,
    alejándose de los males
    espinoso caído y la curación;
    implacable bombardeo
    lo que nos gusta en el tiempo
    que se anula, o se estancan,
    lo que pasa en los almacenes
    se convirtió en polvo
    usted va a estar lejos, lejos de la canción
    Además del sol de la mañana
    el aumento de golpear por delante
    manso y llega de repente
    atardecer en la puerta
    sintonía en este mano a torre
    la sequía que se hace eco en el alma y la carne,
    y lo está haciendo mucho, tía-ti-ta tata!
    para jugar bien allí en el corazón
    en la masa de cabezas.

    Muy bueno tu poema! Que amaba con una pasión!
    Saludos,
    Vera-Maria Blanca Gonzales,
    Oviedo.

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