ela requebra, balança,
cai, mas não se prostra na lida
cai, mas não se prostra na lida
ao atravessar viadutos, altos e baixos.
De quebra, se debruça, se enxerga
pelo retrovisor dos automóveis
de luxo, desnuda ela entrega a carne
faz a barganha por outras bermas,
com uma lágrima presa
na garganta, profunda,
apressa o passo, abre as pernas
estende a alma que ficou longe dali,
como quem sonha, pensa em ter vida própria,
vez que a sua há tempos ficou guardada
noutra realidade menos cuspida
que neste poema não se concluirá,
não será soneto, mal soará,
sem chave de ouro:
posto que é sorvedouro,
uma esponja rústica, espessa,
apenas um mata-borrão de angústia
que não apaga o suor ardente
no semblante de Madalena,
lágrima vertente a escorrer
quase oculta num canto da boca
dessa mulher de vida dura,
consciente que mão nos lábios e tal
não é apenas batom, mas atura os ais,
reborda as vestes, cinge as urdiduras
das impostas camisas de força,
antes de recompor a moldura de Vênus
que a expõe na tela da vida real,
antes da batida final
do martelo do arremate.
Dou-lhe uma, dou-lhe duas...
Quem dá mais?
Leilão da vida real.
ResponderExcluirAbraço.
Boa tarde...nossa! Belo e exposto aqui em versos a labuta de uma mulher de rua...E que a lagrima derramada por ela possa lhe salvar a alma e a deixar mais calma para teus futuros arrependimentos...Triste, mas real! Abraços
ResponderExcluirE, ainda dizem que a mulher... é frágil... vagabunda... de vida fácil... interesseira?!
ResponderExcluirSerá? Descrito está, Ludugero, muito pertinente e transparente, por você, ao que elas se submetem! Prazer? Duvido!
Abraço, Célia.
Seu poema é um fiel retrato da dura e crua vida da mulher que, nada fácil, vive na rua a angariar dividendos para poder viver a vida... Belo e forte poema. Tu realmente sabes fazer um roteiro, és único! Escancarado em poetizar, e o fazes da melhor maneira. PARABÉNS!
ResponderExcluirEuclides Lucas Damasceno,
Dramaturgo.
Luciah López fez um comentário sobre sua postagem no blog "MADÁ - Por João Maria Ludugero" em Casa da Poesia:
ResponderExcluir-----------
A triste realidade de muitas mulheres neste nosso imenso Brasil. Tanto se fala mas, tudo continua igual ano a ano centenas de mulheres são levadas a esta 'vida dura' por não ter opção de trabalho. Muitas ainda seguem para fora do país em busca de melhores condições e acabam como escravas - são tristes Madas, Marias, Terezas e tantas mais - todas anonimas entre nós. Parabéns pelo poema maravilhoso. Abç,
LL
Forte, intenso a demonstrar a nua e crua realidade da vida, da mulher de "vida fácil". Realmente um belo poema.
ResponderExcluirAbraços,
Rui Belo Antunes.
Destaco:
ResponderExcluir"consciente que mão nos lábios e tal
não é apenas batom, mas atura os ais,
reborda as vestes, cinge as urdiduras
das impostas camisas de força,
antes de recompor a moldura de Vênus
que a expõe na tela da vida real,
antes da batida final
do martelo do arremate.
Dou-lhe uma, dou-lhe duas...
Quem dá mais? "
Muito bom seu poema.
Ney Cunha Cintra.
E com sabes bem poetizar, até nos polêmicos e cruéis meios de ganhar a vida!
ResponderExcluirHiper abraço,
Núbia Di Carli Novais,
Rio de Janeiro.
Os bons poetas existem e estão por aí, eis aqui um de destaque, o grande João Ludugero. Sensacional! Belo poetizar! Abração,
ResponderExcluirBruno Vilar Mota Veiga.
Sua poesia vicia. Seu blog é maravilhoso!
ResponderExcluirGrande poeta, grande poesia!
Sou teu fã de carteiriha.
Até logo!
Vicente Mota,
São Paulo-SP.
Anderson Balderrama dos Reis,
ResponderExcluirda Casa da Poesia, disse:
É uma realidade dura e nos revolta saber que muitas mulheres são levadas a essa vida por ambição de alguns homens que vêem nelas apenas uma forma de ganhar dinheiro e as escraviza por toda a juventude.
Luciah López,
ResponderExcluirda Casa da Poesia, disse:
A triste realidade de muitas mulheres neste nosso imenso Brasil. Tanto se fala mas, tudo continua igual ano a ano centenas de mulheres saõ levadas a esta 'vida dura' por não ter opção de trabalho. Muitas ainda seguem para fora do país em busca de…
Amartvida fez um comentário sobre sua postagem no blog "MADÁ - Por João Maria Ludugero" em Casa da Poesia
ResponderExcluir------------
infelizmente essa realidade existe no mundo inteiro, muito triste isso tudo...
abraço de paz
Nina
--------
Luciah López fez um comentário sobre sua postagem no blog "MADÁ - Por João Maria Ludugero" em Casa da Poesia
ResponderExcluir------------
A triste realidade de muitas mulheres neste nosso imenso Brasil. Tanto se fala mas, tudo continua igual ano a ano centenas de mulheres saõ levadas a esta 'vida dura' por não ter opção de trabalho. Muitas ainda seguem para fora do país em busca de melhores condições e acabam como escravas - são tristes Madas, Marias, Terezas e tantas mais - todas anonimas entre nós. Parabéns pelo oemas maravilhoso. Abç,
LL
------------