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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

ETERNAS LEMBRANÇAS DO VAPOR DE ZUQUINHA

ETERNAS LEMBRANÇAS DO VAPOR DE ZUQUINHA
Autor: João Maria Ludugero

Sem contar com a plantação de sisal que dá fibras,
Tudo bem cuidado pelas mãos de dona Lourdes,
Que deixava aquele velho casarão mais formoso,
Com seus vasos de telhas acimentadas
Todos cheios de flores à sombra das algarobas,
Dos pés de cajá e frondosas mangueiras.

Ela regava tudo com água armazenada
Da chuva, água de cisterna.
O Vapor tinha uma casa de farinha.
As descascadeiras de mandioca ensaiavam cantigas
Que faziam o tempo ser sentido, sem cair no vazio, noite a dentro.

Aquele lugar cheio de mistério não cansava aquela gente,
Que insistia em cantar, a fazer o trabalho, a farinhada.
Como algo sagrado, a encher a alma de calor, de aroma
De tapiocas de coco, de beijus e grudes em folhas de bananeira.
Do alpendre, a gente podia sentir o tempo...
Mas como sentir o tempo?
Mediante seus cheiros, suas cores, seus vapores, seus fumos.
Tudo permeado pelo verdes juazeiros a testemunhar o canto solenede
Pintassilgos, bem-te-vis e galos-de-campina,
Sem esquecer dos canários de chão e outros bichos.

Que maravilha! Que encanto de lugar.
O tempo apaga quase tudo. Sabia?
Mas a fazenda do Vapor continua lá.
Dá para sentir o tempo e seus vapores.
Seus cheiros, seus sabores e suas lendas.

Vapor vigilante e a cidade à frente, um lugar.
Um lugar para não esquecer chamado Várzea.
Uma saudade e seus resíduos.
Pernoite na casa-de-farinha,
Dali se podia ver o carro encantado, ao longe e perto,
Aparecendo e desaparecendo, assombração e encanto.
Tempos vividos dali do alpendre.

E uma saudade assim, tão imensa
que se adensa no peito da gente,
Fazendo pó, polvilho, goma e farinhas.
Apertando a massa da mandioca, a prensa
O tempo dava mesmo para ser sentido.
Tecido, guardado no coração
Tempo: manipueiras e cinzas ao vento.

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