Autor: João Maria Ludugero
Como um galope rasante
Pelos caminhos dos Seixos,
Em riba do couro das palavras,
Meu canto salobro avança
Além do riacho do Mel,
Abre vagas nos lajedos
Abre vagas nos lajedos
Que empinam macambiras
Borboletas e preás
No coração esturricado
Dos açudes ainda não secos.
Minhas palavras são regidas
Minhas palavras são regidas
Por uma faísca de ternura
Lavrada a golpes de coragem,
Na força dos facões e enxadas
A desnudar as macaxeiras
E outras raízes da terra.
Por isso, minhas palavras agrestes
E outras raízes da terra.
Por isso, minhas palavras agrestes
Jorram assim feito milho fora da espiga
Debulhado ainda zarolho, moído,
Ingrediente a saciar nossa fome
A cobrir nossa mesa de cuscuz,
A colorir nossos sonhos acordados
A dourar os calos do dia-a-dia
Em esperanças amadurecidas.
Em esperanças amadurecidas.
De sorte, encaro outros ventos afoitos
Que virão que nem coivaras no roçado
Ou labaredas num chão de cantigas,
Apesar dos pesares, dos fardos pesados
Apesar dos arames farpados da lida,
Encarno estes versos com suor e alegria.
Apesar dos pesares, dos fardos pesados
Apesar dos arames farpados da lida,
Encarno estes versos com suor e alegria.
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