Seguidores

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

SÉRIE: VÁRZEA, 51 ANOS DE BOAS IDEIAS PRA VENDER NA FEIRA DE DOMINGO























SÉRIE: VÁRZEA, 51 ANOS DE BOAS IDEIAS
PRAVENDER NA FEIRA DE DOMINGO 
Autor: João Maria Ludugero

Era dia de domingo, dia de feira.
Dia das compras, de farinhas e de macaxeiras.
Acordávamos ainda cedo e já partíamos
Para as barraquinhas, as bancas da feira, livre.
Íamos eu, meu pai Odilon e a minha mãe Maria.

Era gostoso acordar cedinho, ir ao mercadinho, no centro
Já no caminho, ali na Rua Dom Joaquim de Almeida,
A gente dava de caras com o João Carlinhos de Dona Genira,
Com a sua banca de novidades, frutas e legumes de primeira,
Próximo à rua do Cruzeiro, esquina com a rua da pedra,
Comprávamos balaios de feijão de corda, feijão verde, debulhado,
Favas, camarão seco e siri, farinha torrada, goma e polvilho.

E vinha gente de todo lugar: das cidades vizinhas,
Das redondezas, e tinha até cordel, literatura,
Que a gente gostava de ler, passatempo e refrescos.
Além das tantas outras cordas que a gente empunhava:
Cordas de caranguejo goiamum, crustáceo azulado,
Semelhante ao caranguejo comum,

Mas de paladar bastante agradável.

Recordo do 'Picica de Xinene' que já cortava as mantas de carne-de-sol,
Auxiliando seu pai, Cícero Paulino, exímio marchante, cabra bom!
Tica do Mel vendia queijo de coalho, assado na grelha, que delícia!
Enquanto isso, Tota de seu Leopoldo atirava sal nas carnes-secas,
Ao jirau, no açougue. Cestas e mais cestos,
Couros, salmouras e charques, na rua do curtume.
No varal, almas esticadas sob o sol a pino.
Lá se vendia rolinha frita e nhambu, iscas e 'passarinhas',
Além de galinha caipira com farofa e cerveja, geladinha
Ali no bar do Eduardo, Maninho. Quem não se lembra?

Ah, tinha caçuás, uma espécie de cestos grandes e oblongos,
Mais compridos do que largos, ovais, alongado e longos,
Feitos de vime, cipós ou de lascas de bambu, com aselhas,
Para pendurar às cangalhas e que é utilizado
No transporte de gêneros alimentícios,
Para levar galinhas e outras aves ao mercado,
Além de garajaus para transportar peixe seco e rapaduras.

Tinha fumo de rolo, tabaco em pó, rapé e espirros. Atchim!!!
E tantas outras bugigangas, anis-estrelado, cravo, canela e alecrim etc.
Afinal era dia de feira, dia de domingo pede cachimbo...
Céu azul de anil, com cheiro de coisas simples, céu varzeano.
Uma cidade, uma saudade que bate na gente... e dói no peito
e não se acaba o mundo, touro valente!

Dia de domingo, dia de feira, tempo de 'Terezinha
do Couro', de sandálias Havaianas, cuscuz, tapiocas e pé no chão.
Retratos de um tempo, que perdura até os dias de hoje.
Tempo de lambe-lambes, réstias de cebolas e alhos.

Ah, antes que eu me esqueça,
O mercadinho de outrora ficou lá,

Lá no passado mesmo, demolido.
Porque tornava feio o centro da cidade.

Mas a saudade, esta se faz presente
E continua no peito da gente
Sem ter hora para acabar:
Saudade repleta de coisas boas,

Saudade que até dá gosto de lembrar...
Portanto, venha para a feirinha
Aos domingos e confira de perto
A alegria que se acha nesse lugar
Chamado Várzea, a Cidade da Cultura!

Nenhum comentário:

Postar um comentário