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sábado, 4 de dezembro de 2010

SEBO NAS CANELAS

SEBO NAS CANELAS
Autor: João Maria Ludugero

Percorro teus maracujás a fora,
Adentro-me em tua paixão, viajo, medito para o alto
Como as asas das verdes palmeiras de São Pedro
Que altaneiras beijam o céu varzeano,
Como o vento que sopra as águas do açude do Calango,
Como a brisa que ameniza a tarde saudosa
Percorro o teu corpo, menina nativa,
Atento como o olhar de um menino varzeano,
Que se acha ao se perder percorrendo a Vargem.

Gosto de andar pelas estradas de terra,
Entre juncos e capim, canário-de-chão.
Feito aquele passarinho faminto, boquiaberto,
Com o olhar a percorrer seu ninho,
Sou feito aquele pássaro recém-saído do ovo
Que abre seu bico pedindo alimento em sua boca,
Muito espantado e quase sem ação
Pasmado, estupefacto com as ideias confusas,
Atordoado, perturbado, tonto.

De água na boca, persevero,
Continuo a percorrer teu corpo
Como o rio Joca espalhando o humo na terra agreste,
Fertilizando-a, pronta para fazer nascer,
Renascer, brotar com o sol da alvorada,
Se achar, germinar antiga semente,
Fazer a vida acontecer,
Na certeza de que o sol nasce
Para todos os varzeanos
E ainda nos resta nas mãos o sonho de sonhar;
E varzeanamente acreditar, arregaçar as mangas
E enlaçar, com determinação, a tal burrinha da felicidade!

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