Seguidores

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

MINHA VÓ DALILA







MINHA VÓ DALILA
Autor: João Maria Ludugero

Lembro-me tanto da Senhora,
Qual árvore centenária
Sombreando nossos caminhos.
Eras tal qual aquela frondosa algarobeira
Lá da praça do encontro.
Ninho antigo, que dava colo,
Consolava desenganos
Fazia-nos sentir seguros
Tal filhotes de passarinho,
Longe de quaisquer apuros.

O tempo escaneceu nuvens,
Fez algodão doce e cocadas,
Grisalhou a tua trança, tingiu de cinza
E de branco os teus cabelos,
Guardou também teu carinho
Na liga dos puxa-puxas,
Nas tábuas de pirulitos,
Nos manjares, doces de leite,
Pés-de-moleques, confeitos, balas
E até no pote de caramelos.


Vó Dalila sabia de cor receitas,
Feitas com mãos de amor…
Vó Dalila, tão perfeita,
Benzedeira de mão cheia,
Com seu raminho de fé
Afastava qualquer dor,
Curava espinhela caída,
Tirava até os quebrantos
Com simples galho de flor.

O tempo levou teus passos
E o doce de um olhar manso
Que ainda embala meus sonhos.
Preservo aquela coragem,
Desde os tempos de menino,
Carrego-a sempre comigo,
Aquela que me ensinaste
Na cadeira de balanço.

E ora o que me ampara,
O que me dá fortaleza,
É seguir assim confiante
Lembrando-me da tua beleza,
Nessa saudade tamanha
Curtida no coração.

Ó, Dalila Varzeana,
Eta, mulherzinha de fibra!
Falo com toda certeza:
Quem tem a fé que tu tinhas,
Tem  a força de Sansão!

Nenhum comentário:

Postar um comentário