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terça-feira, 24 de novembro de 2009

AOS CACOS

AOS CACOS


Autor: João Maria Ludugero.


Observando eu as borboletas amarelas
Atrás da luz natural da tela do crepúsculo
Que se pinta com as cores da tarde,
Ali no paredão do açude do Calango,Percorro um punhado de lembranças,
Mergulho no intuito de atravessar
De uma margem à outra as águas verdes do açude,
Mesmo sabendo que estas não me podem afogarMas procuro desprender-me ds mágoas
Que aquela moça me atirou ao peito, sem pesar,
Sem pensar nas sequelas, nas dores que adviriam
Que se infiltrariam na minha alma de menino varzeano.
Ela veio dançando afoita, entrou sem bater a porta,
E como uma louca no devaneio, extasiada, Colou sua boca na minha boca, deixou-me confuso, inebriado,
Mordeu-me a língua, calou-me, fiquei sem verbo, sem palavras.
E ainda assim, ela não se deu por satisfeita
E tirou-me o céu com um beijo.


E eu só sei que resultei assim nesse menino travesso, aturdido,
Estonteado, perturbado, atordoado, atônito, assombrado, pasmado.
E o que posso mais dizer de mim,
Depois da cilada que aquele olhar de tarântula me pregou?
Só sei que fiquei sem chão,
E com o coração nas mãos,
Movediço ali nas areias finas do rio Joca.


E o pesadelo de mim não se afastou,
Apesar de toda reza e oração desvelada,
Nem mesmo quando acordei, ele continuou aceso.
Naquele turbilhão de fantasia, num brilho de pedra falsa,
E eu fiquei descalço a trilhar pelos Seixos
Como que a procurar lucidez em cada canto, em cada retiro,
Senti-me perdido ao te achar no meu caminho, garota-desejo,Porque não passaste de uma miragem a tremular pelo desvão do Vapor
E das lagoas compridas, parecendo uma Iara, mãe d'água varzeana, E que, apesar de toda precaução,
Por pouco não me fez alma penada!

Eu que sempre preferi a claridade às trevas,
Não escapei aos teus encantos...Criei asas e voei, mas toda beleza
Que demonstravas era de vidro,E agora estou eu aqui a juntar meus pedacinhos!

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