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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

BURUNDANGAS

BURUNDANGAS


Autor: João Maria Ludugero.


Perco-me na burundanga da mente,

Tento-me arrumar na sua confusão
Troco os pés pelas mãos, confuso,
Disparo palavras soltas, sem nexo
Atiro Seixos nas águas do Calango
Jogo-me afoito no espelho do açude
Quase me afogo em águas rasas,
E só acordo quando percebo, de resto
Que o que me ofusca são miragens!


A todo instante, passa um filme
Na minha memória, no âmago,
Sei que estou sendo filmado,
Eu sei de cor e salteado
Que devo retomar minha vida,
Porque as cores que me roubaste
Podem ser reavivadas, recuperadas.
Sei que depois de cair na arapuca, me debati,
Mas acabei por deixar-me apanhar,
Cai no teu laço, mas tenho alma de fênix,
Tanto assim que posso renascer das cinzas...



Eu quero empreender um projeto novo,
Reviver apenas o que valer o tino
Na nova manhã da minha Várzea,
Porque cansei de andar às escuras,
Quero me encontrar onde o sol está,
Renascendo para mim, e para todos,
Depois do breu da escuridão da noite.


Hoje acredito na força do meu braço,
Sem desprezar os sonhos possíveis,
De mil pensamentos cruzados

Nesse caminhar de mistérios, no interior,
Alguns desvendados, outros, ainda obscuros,
Na luz difusa que abre clareira na minha Vargem,
Preciso acreditar nos dias futuros, tudo a partir de agora.
Quero ter objetivos bem definidos, escoar as dúvidas,
Saber bem onde piso, aprender o caminho das pedras;


Careço de metas marcadas, bem delineadas;
Preciso ultrapassar inesperados paredões,
Seja testando a persistência que me é inerente,
Seja renovando a força e a paciência, com garra,
Até serem ultrapassadas todas as barreiras
Que o tempo cuidou de erguer, entre eu e você, menina-desejo!


Eu sigo o caminho da utopia,
Soldado em constante desafio

De lutar, vencer e viver...
Ficar prostrado diante do leite derramado,
Perder a direção, se alienar no rumo, desativar as bússolas,

Pode até acontecer de se cegar diante das coisas feitas,
Pode-se até cair de novo, no alçapão, na cilada,
Pode-se até achar no fundo do fojo, na armadilha,

Mas é preciso não desistir, e desatar os nós, um a um,
Pois é válida a lição que temos a aprender com a lágrima,
Vale a pena perseverar, sobreviver!



Posso até me perder no labirinto da mente,
Mas certamente haverei de encontrar, de fato,
O ponto de saída final, porque delimitei o terreno
Retornarei e, para grata surpresa de muitos, de súbito,

Terei muitas flores pelo caminho,
Quando de volta pra casa, de esperanças renovadas,
Pois as sementes que atirei às margens do caminho,
Com certeza, germinarão todas pelo vão do Arisco,
Pelo Itapacurá afora, e, de tal sorte,
Serei de novo o dono do meu primaveril jardim
Que embeleza ainda mais os ermos caminhos do Vapor,
Que torna cada vez mais viva a minha Várzea das Acácias.


E não importa mais saber quanto tempo terei

Para lá chegar, pois isso já é fato, inconteste,
Uma vez que ali mora a minha felicidade,
Ali na terra de Geraldo Anacleto, seu Bita,
Que já se foi, mas lá de cima, suplica aos santos
Que proteja essa seara sagrada de Ângelo Bezerrra!

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