VÁRZEA: MEU CANTINHO DE FELICIDADE!
Autor: João Ludugero, 03/09/2009.
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Estático me pego a pensar, a pesar
Fico parado ao relento, desfaço-me
Vou para o espaço, retirante, denso
Aliado ao voo rasante me atiro ao Vapor...
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Persigo trilhas e piso descalço na fina areia do rio Joca
Num instante, eu me caço, eu me acho, riacho de mim, riacho de mel!
Eu vou para o Retiro de Seu Olival me banhar, desopilar,
Mergulho profundamente, sem medo de me afogar,
Afagam-me as lembranças do mundo de lá...
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Ah, minha Várzea das Acácias,
Eu vislumbro teu céu mais que azul,
Por detrás das palmeiras de São Pedro,
Onde as nuvens são carneirinhos brancos
E outras figuras esfiapadas no céu da minha imaginação.
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Plano no infinito, solto-me,
Contemplo o verde coqueiral
Vaporizo possibilidades mil,
Na tarde amena ao sol radiante, firmo-me,
Ao sopro do vento na face,
A brisa amiga me faz sentir o firmamento no chão.
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Na cabeça sinto um cafuné,
Sinto-me nos braços da paz verdadeira,
Pressinto que está ali a minha mãe Maria, estrela Dalva,
Sua mão carinhosa, eu deitado no seu colo,
E a felicidade é algo que não tem medida, incomensurável.
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Não têm pressa a paz e o sossego da minha Várzea.
Não dá pra ser feliz de verdade longe do meu lugar!
Eu vivo comigo faltando um pedaço, ela tão longe de mim,
Sou pássaro longe do ninho, vivo passareando um canto,
Entoo uma cantiga que parece triste, mas é cor da saudade
Que me faz assim compor estes versos livres, sem rima,
A lembrar das claras manhãs da minha seara agreste!
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Com felicidade resgato minhas raízes, meu referencial
Lanço-me pelos caminhos de um roçado de algodão
Em volta da fogueira Sol do Vapor de Seu Zuquinha,
Meu coração segue queimando na fornalha,
Prossegue torrando na casa de farinha,
Anunciando que a felicidade pode ser simples e mora acolá,
Bem ali na minha Várzea de Mãe Claudina!
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Mas quando a tarde vem, vem afoita,
Rebate sempre no peito essa dor pungente,
Despede-se de mim, vem andar e voa
Feito o bem-te-vi, cantarolando, aos montes.
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Meu peito recolhe suas brasas e arde, no fogo desse Amor
Que cria asas e parte aliado ao canto de pintassilgos,
E segue seu destino atrás do alaranjado crepúsculo ali no açude do Calango.
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Luzes mergulham no açude,
Acesas lembranças que não morrem nunca,
Meu coração se derrama pelo leito do rio Joca, ribanceira acima,
Aterrisso nas alvas areias finas, caminho pelas trihas varzeanas,
Na estrada de terra, no caminho de chão batido da Vargem,
Abro todas as porteiras, cancelo toda solidão, eu canto
E deixo passar a saudade bueiros afora,
Sonhando que pra ser feliz à beça!
Pra ser feliz, pra ser feliz
Posso dizer sem medo de errar,
Sem sombra de dúvidas, concordo
Durma bem, reze antes e sempre, dádiva minha,
E ao acordar, sonhe mais alto, acredite no presente,
Reze, faça valer sua oração, com inquebrantável fé!
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Porque o amanhã já vai raiar,
O sol já apontou um bom dia...
Ore, porque o sol chegou e já iluminou novas mentes,
É bonito ver a torre azul da igreja-matriz de São Pedro Apóstolo,
Há um lindo azul pra se viver agora, sem demora,
Há um lindo sol amarelo a nos chamar pra vida,
Afinal estamos em Várzea, sem pressa,
E é bem ali que mora a felicidade, de fato.
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É ali mesmo que podemos encher o peito e dizer:
Aqui a gente pode ser feliz, simplesmente,
Aqui a gente pode ser feliz, sem complicar,
Aqui a vida é simples, mas é de um jeito
Que sempre dá pra ser feliz!
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Quem duvida disso?
Eu tenho toda certeza, e tenho dito, até pelo avesso,
Em todos os meus versos, em cada poema que faço,
Que Várzea me faz acordar sorrindo, sorrindo
E acreditando na força do sonho e do Amor...
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Amor que temos por esta Cidade de Ângelo Bezerra,
Amor que temos por esta Cidade da Cultura
Amor que temos por esta Cidade de Gabriela Pontes
E tenho dito, e teimo em repetir:
VÁRZEA, EU TE AMO, PRA VALER!
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