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quarta-feira, 10 de julho de 2013

MINHA VÁRZEA, MEU AMOR! por João Maria Ludugero.

A Várzea alvorecida,
No coração do poeta,
Entre pregões matinais, 
Subitamente, desperta. 
Para trás das margens do rio Joca, 
Nasce a manhã, no Vapor, 
No verde dos juazeiros, 
Nas águas doces e salobras. 
Canários de chão alçam voo 
Nos riachos varzeanos. 
Pescadores de jacundás a landuá 
Pescam o silêncio do rio da Cruz. 
Num bosque de mata-pasto, 
Atrás do rio de Nozinho, 
Desabrocha o bom algodão 
Em brancos cachos de fibras 
Ao toque de ideias movidas ao vento, 
Nas tardes do açude do Calango. 
O sol se pondo ameniza a tarde, 
Entre a Vargem e os bueiros, 
Repõe laranjas ao lusco-fusco, 
Desde a praça do encontro. 
A noite cai. Cães vadios pelas quatro bocas, 
Ladram nas ruas e becos, à distância. 
Deslizam sombras esquivas, 
Nas esquinas da lembrança. 
Todos os que se mudaram 
Para a outra banda da vida... 
E dormem, no campo santo 
Da cidade reverdecida. 
Vêm a mim, me cumprimentam, 
Comovo-me ao recebê-los, 
Baila uma fina poeira ao horizonte, 
Em torno dos meus cabelos. 
Converso com Seu Plácido Nenê Tomaz de Lima, 
Despachado em regalias e brotes de araruta. 
Abraço dona Maria Dalva, 
Minha doce mãe querida, 
Que agora virou estrela na minha lida. 
Passeio no Retiro de Seu Olival, 
Conduzo-me a uma Nova Esperança, à Forma, 
Da rua grande me atravesso inteiro, 
De frente para a Brasiliano Coelho. 
Moças varzeanas debruçadas na janela. 
A Professora Dona Marica me inspira 
E me dita a lição no Educandário Pe. João Maria, 
Em plena tabuada e ABC. 
Começa tudo de novo, 
Pela estrada do aprender. 
Ouço as valsas dos Ariscos de água doce, 
nas tardes de antigamente. 
Entre Seixos, Itapacurá 
E o Maracujá de dona Melizinha... 
Aboio um boi-de-reis feito Mateus Joca Chico, 
Sou eterno menino varzeano novamente. 
As ruas se embandeiraram de contentes, 
Há lanternas pelas portas destrancadas, 
E São Pedro Apóstolo do topo da igreja 
Acorda Bita Mulato, entre o riso e a saudade 
De pessoas que já foram morar no reino de Deus. 
Meus pés de menino varzeano vão que se vão, 
A correr dentro e alto, nessas ruas do sem-fim… 
O tempo não conta mais, 
Partiu-se, dentro de mim. 
Nesse baú de lembranças, 
Guardado pela memória em jasmins, 
Minha vida se inicia, escrevo versos até sem rima, 
Recomeçando minha história varzeana desde as raízes. 
Adeus, até outro dia!

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