Seguidores

terça-feira, 23 de julho de 2013

DIRETO DO INTERIOR DA RUA GRANDE, por João Maria Ludugero.

Toda rua tem seu curso,
Tem seus becos e arestas 
Por onde passam a memória 
Lembrando histórias de um tempo 
Que nunca se acaba... 
De uma rua, de uma rua grande 
Eu recordo agora dessa rua 
Que o tempo ainda ventila, 
Mas quase ninguém mais canta, 
Ninguém mais se acalenta, 
Nem mesmo a Mulher que Chora... 
Muito embora eu insista em lembrar 
Desse espaço de cordas 
E de cirandas em festas 
(E quantas cordas apimentadas pulamos?), 
E de um magotes de meninos correndo 
Atrás de cocadas, pirulitos e pitombas 
A adentrar pela feira de domingo, 
Atrás de rolimãs a correr dentro, 
A tocar bandas no dia 7 de setembro, 
E com o rio Joca do verde coqueiral, 
Rio manso e de cacimbas 
Que passava abaixo da rua 
E molhava seu lajedos, 
Onde a noite refletia 
O brilho manso da rua, 
No tempo claro da lua de São Jorge... 
E na fogueira de São João era bom demais 
Com as quadrilhas de Seu Bita Mulato... 
Eita rua grande do bar de Biga, da papa em bar. 
É Várzea passeando em acesos folguedos, 
Separando a minha rua grande 
Das outras da seara potiguar, 
Mesmo de longe, vivo pensando nela 
Meu coração de menino medonho 
Bate forte como um sino 
Que anuncia procissão com o andor 
De São Pedro Apóstolo... 
É a rua do meu povo, 
É gente que ali nasceu 
Pelas mãos de Mãe Claudina... 
É meu pai Odilon, é Cícero Paulino, pai do Picica, 
É Dona Zilda Roriz que já foi morar com Deus, 
É Silva Florêncio que plantou acácias na Várzea, 
É João Maria Ludugero, este menino varzeano 
Que teve o peito ferido 
Anda vivo, não morreu... 
É Xibimba de Lucila de Preta, 
É Manoel de Ocino de Santina, 
E o meu tempo de brincar nas sinucas de Seu Lula... 
Já se foi embora, não ainda não! 
É rua da pedra, rua do arame, 
É Travessa Brasiliano Coelho, 
É rua da Matança, que me lembra da carne de sol, 
E tudo passando pela rua grande 
Até agora... 
Agora por aqui estou 
Com uma vontade danada, 
E já me volto ao lugar pra matar 
Essa saudade tamanha de Várzea, Cidade da Cultura. 
É oração a São Pedro Apóstolo, é tremenda devoção... 
É a rua do coração!

4 comentários:

  1. OLÁ,JOÃO.

    Sou seu seguidor há algum tempo e sempre que venho aqui , não me arrependo.

    Em todos os meus blogues esta semana, publiquei uma postagem que gostaria mesmo, que,se possível, você visitasse e deixasse (pode ser através do meu e-mail à disposição em todos os blogues) algo de sua autoria, para ser publicado .

    Espero poder contar com sua contribuição, nesta semana de postagem coletiva em todos os meus blogues.

    Um abração carioca.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Paulo Tamburro,
      Boa noite!
      Eu já deixei um poema meu num dos seus blogues. Pode ficar à vontade para publicar. Se quiser, pode levar outros. Eu que agradeço a gentileza. Só me avise para eu poder apreciá-los nos seus blogues. Forte abraço,
      João Maria Ludugero.
      Seja bem-vindo, sempre!!!

      Excluir
  2. São essas lembranças que fortalecem nossa existência!
    Abraço, Célia.

    ResponderExcluir
  3. Meu vô q construiu essa igreja! Orgulho!!!!!

    ResponderExcluir