Hoje não tenho vergonha
De dizer que choro. E choro mesmo!
Não me importa o pensar torto
De outrem a dizer que é sensível
O homem que gosta de flor.
Elas me fascinam, as flores.
Eu dou o braço a torcer,
Confesso: quando preciso,
Debulho-me em lágrimas.
Quando sinto saudade,
Marejo os olhos ao cair da tarde.
Eu me assumo: sou poeta!
Eu gosto da vida. Eu sou de carne e osso.
Eu tenho um coração que sente.
Nunca minto pra mim mesmo:
Se carecer, boto a boca no mundo
E choro, doido por um cafuné.
Choro por um dengo, por um beijo
Pra curar meu coração machucado.
E funciona: Acabo menino de bem com a vida
A cavalgar pelas calçadas da rua grande,
Querendo roubar um pingente de lua
Só pra enfeitar teu colar de prata
Feito homem inteiro a correr
Num galope rasante a encostar
Minha vida na tua, sem medo
De que tudo venha desabar amanhã,
Ao desapear da tal burrinha da felicidade!