VÁRZEA-RN: O VELHO FLAMBOYANT DO VAPOR,
por João Maria Ludugero
A brisa da tarde amena que acaricia o rosto,
remete-me ao passado, à nossa velha infância varzeana…
Meu coração se enche de saudades daqueles dias de outrora
em que, à sombra do flamboyant do Vapor,
nós aos magotes de meninos levados da breca,
passávamos horas, deitados sob sua galhada florida
a espiar a revoada de passarinhos, saltitando de galho em galho…
Suas ramas coloridas pelo amarelo, vermelho e laranja de suas flores,
desciam até o chão e dançavam ao vento,
como a querer brincar também…
Hoje, fecho os olhos e ainda posso ouvir o farfalhar das folhas secas,
caídas e varridas pelo vento da tarde varzeana.
O mesmo vento que cantava por entre as árvores,
forrando o chão com um lindo tapete de flores…
E o entardecer, como era belo!
O sol, a se por no horizonte, lançava
por entre os galhos suas frestas douradas, matizadas de vermelho…
Na minha ideia inocente, eu não queria que o dia acabasse.
Mas noite insistia em chegar…E ela vinha impiedosa, de mansinho,
cobrindo com seu negro véu, todo aquele colorido que eu tanto amava…
Os pássaros se recolhiam aos seus ninhos,
o orvalho começava a umedecer as folhas, as flores…
E mais um dia se findava…
Ao longe, a voz de dona Lourdes do Vapor que me chamava ao recolhimento:
“- Menino, já é tarde, está ficando escuro, venha tomar café com tapioca de coco
para seguir o rumo de sua casa!”
Eu me achegava à sala das guloseimas e delícias,
dentre tapiocas, beijus, coalhada, cuscuz, queijo de coalho, ovos estrelados e cocadas…
Após, pegava o rumo de casa lá na Várzea das Acácias…
E aguardava com ansiedade a chegada de um novo dia…
Como eu gostaria de poder reviver aquele tempo…
Oh, quanta saudade do Vapor!
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