VÁRZEA EM ACORDES DE SONHOS,
por João Maria Ludugero.
Ah, se tu viesses ver-me hoje varzeaninha,
A essa hora da tarde que me nina em saudades,
Quando a noite de manso ainda se avizinha,
E me prendesses inteiro nos teus braços…
Quando me recordo do sabor que tinha
A tua boca… o eco do teu andar ao desvario...
O teu sorriso de fonte além do Vapor…
As tuas vertentes ao riacho do Mel,
Os teus cafunés na minha cuca, teus abraços…
A tua mão na minha…oh, astuta varzeaninha!
Se tu viesses para mim, risonha, linda e faceira,
A amortecer as linhas doridas com um beijo,
Estivesses de seda ou de chita colorida vestida,
Ainda assim estarias em meu trono, princesa!
Depois de tantos sóis, depois de tantas luas,
E é como um colibri ao vasto lume com fulgor,
Quando os olhos se me cerram em tal lampejo
E os meus laços se desatam em teus acordes,
Eu assim feito os Antonios Gomes e Euzébio
A tecer suas belas tarrafas e redes de pescador...
Mas não para deter tua prendada liberdade
E sim na intenção de oásis-mear o nosso amor!
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