VÁRZEA-RN: MEU TERNO RECORDAR!
por João Maria Ludugero
Dia-após-dia, o cheiro dando cor às flores da lida.
Daí, levanto os olhos pelo interior que me chama.
Eram assim tuas tranças amarradas em tiaras de alecrim,
tuas palavras eram assim, finas e afoitas
a tocar a alma da gente em alvoreceres
na mais pura essência de jasmim-manga.
E o verde-musgo dos lajedos da Várzea das Acácias,
por onde a tarde ia aderindo aos bons ares
do açude do Calango, lusco-ofuscado sem eiras
se alaranjava em flores de mulungu sem compostura,
a correr pelo chão-de-dentro com o fito de se inteirar,
quando entretidos na mesma exalação de bálsamo de açucenas
ou seriam de talos molhados, de canela ou de manjerona,
almas de flores além do sepulcro e da ressurreição.
E os bem-te-vizinhos em cantiga
dançavam assim veludosamente
sob o sítio reverdecido do Umbu.
Restauro-me em memória, por dentro das flores!
Deixa virem teus olhos, como grilos e louva-deuses,
tua boca carmim de bem-me-quer assim orvalhado,
e aquelas ternas mãos dos inconsoláveis mistérios,
com suas estrelas além da margem do rio da Cruz,
e muitas coisas tão estranhamente escritas
nas tuas nervuras de paixão nítida em folhas de maracujá
- e varzeamáveis, sim, enfim, varzeamáveis!
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