Menina trombuda
Que se veste desarrumada
E se desnuda demente
Feito uma boneca carregada
Que, a seu bel-prazer,
Fantasia-se de trapos,
Entre plumas e lantejoulas.
Estica cabelos, escova fios,
Arranca pelos e sinais,
Arranja tranças em cabeças
De vento... tão magricela,
Ela tece luxo em andrajos,
Em cada passo, desfila aos flashes
De cabotinos olhares de paparazzi,
Tão alheia ao tentar o equilíbrio.
Se chora, logo estanca as lágrimas...
Retoca as tintas da cara, eufórica,
E logo se atira num salto escorregadio.
Top model, rosto esquálido, nariz de rebite,
Mais parece aquela antiga boneca de porcelana
Que, muitas vezes, assusta e dá calafrios, de súbito,
Possivelmente, por ter muita semelhança com a realidade,
Que não se mostra na passarela.