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quinta-feira, 26 de abril de 2012

TINTAS DE POEMA PARA UM CORPO EM TRANSE


Comecei a pintar este poema
que compus em pensamento
e que tento, esboçar, consentido
estampando a nudez da rosa,
atraiçoado pela tinta encarnada
que me sangra entre os dedos.

Lembro-me do teu corpo bonito
e do desejo de te desnudar com arte,
de te moldar ao bronze, 
tecer silabas maleáveis,
inventar contornos, contorcido 
para abraçar teu corpo distante.
Não ouso em cortar os impulsos,
e as mãos primam à obra:
escolho teu perfil nunca inerte 
só pra me desencalhar o vão da memória inquieta
sublinhando a potestade que me inteira
de toda maneira assim te vejo escrita em êxito
dentro da minha cabeça feita de poesia.

Sob a luz baça do candeeiro em labaredas
desenho tua imagem em tisnas, 
aquecido em suspiros de silabas e rumores
tonifico o silêncio que soa fundo aos pincéis
na eclosão das cores de uma tela ardente,
feito uma maré que de súbito extravasa e seca 
deixando a descoberto no areal teu busto,
em alto relevo, revelo insinuosas curvas 
que aceleram o poema que acabo de criar
enfocado nas formas do teu molde livre,
encubado na descontração 
que me veste solto de alegria só de manjar,
envolto de uma nudez que nunca será castigada:
Aquela que não só me aparta da agonia
de estar possuído por um sentir assim
tão indizível em palavras de bendita magia,
mas por um Amor que me conduz maiúsculo, 
seduzido aos cântaros sob a mira 
do olhar encantado de uma criatura arteira 
alinhando-me traços, trópicos e equadores!

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