Eu vejo arte por toda parte
Eiras, trancos
Platibandas, solavancos...
Beiras, barrancos e asas,
Sobreiras nunca estanques
Letras em ânimo e a forma
De palavras acesas, janelas
Que ainda florescem em casas,
Crescem em vasos à flor da pele
Sem esmorecer ao vento,
Eu prevaleço esquecendo a hora
Do fechar as abas do livro
E a voz da poesia que me valha,
Eu não terei arrependimentos
Eu vi tantos viverem tão mal, de sobejo,
E outros tantos morrerem tão bem ao ranço,
Sem jamais saber alcançar a beleza nata
Que sempre esteve dentro
Do amor que não é longe
Para quem não desiste afoito
De exorcizar seus medos sem data,
De soltar seus bichos e alar desejos,
Ao ensejo de ser inteiro e não migalhas.
Chega de mofar junto ao último biscoito da lata!
Amigo Ludugero,
ResponderExcluirUm pouco de Pessoa para você:
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
Ricardo Reis, 14-2-1933
Com carinho,
Leninha