eu tenho pressa de chegar, aonde?
eu não tenho nome próprio, trago codinome
a título de empréstimo à rua perambulo
estou em qualquer lugar à-toa
em qualquer garganta entoo silêncio e grito,
falo em ti profundo a me expiar,
só calo se em tua boca me engasgar
enrosco-me a salivar incômodos venenos
no sorriso profano, escancarado
enquanto o orbe se vira a desandar
gira sem siso nem norte nem lado
a carregar ao futuro assombrações,
a carregar ao futuro assombrações,
na fúria de pecar até cair o juízo e o pano
em cada passo em falso a circular,
a encarnar a alma imortal que pena
levada ao cadafalso 'pari passu'
pelas quatro bocas da lida
ao açoite dos ventos tiranos
estampados nas faces anônimas
que se transfiguram noutras caras,
máscaras que riscam o concreto armado
da multidão que atravessa solitária
numa esquina de um lugar qualquer
e assim conduzem a procissão de marionetes,
um a um em andanças, andores e nichos
e até se esquecem de que estão só de passagem
a cultuar seus santos advindos do barro.
a cultuar seus santos advindos do barro.
Ora são transeuntes, aqueles que dentro de nós
ainda se autoflagelam cordatos, sentenciados,
que gritam, cantam e sonham a sós,
apesar de trazerem a língua presa
ao que está escrito no ranço das celas
das encardidas tábuas de outrora,
quando muitos ainda têm fome de verbo,
mas se acomodam ao baile das máscaras.
quando muitos ainda têm fome de verbo,
mas se acomodam ao baile das máscaras.
Olá João Ludugero, que tudo permaneça bem contigo!
ResponderExcluirE passando por cá novamente me deparo com este belo e intenso texto que como outros aqui postados dizem claramente o recado. Palavras de alguém que não suporta sofrer calado, e nem ver a alegria triste dos que se acostumou a viverem sufocados. Parabéns pelo belo texto e pelas belas imagens também! Pois é meu prezado amigo, a quem interessa que a massa continue a se engasgar com o ranço das velhas tábuas estão agradecidos, pela falta de percepção da massa!
E assim me vou e deixo a você e todos ao redor um intenso e feliz viver, obrigado pela amizade, grande abraço e até mais!
Marcia,
ResponderExcluirda Casa da Poesia disse:
O que dizer? perfeito, lindo demais li e reli, "estou em qualquer lugar à-toa
em qualquer garganta entoo silêncio e grito".
Muito lindo...parabéns!
Abraços.
Comentário de Amartvida,
ResponderExcluirda Casa da Poesia:
Só sei te dizer uma coisa, ó poeta, de uma forma especial encontro sempre uma resposta e um sinal na tua escrita...
Mistérios meus com o Pai das luzes...
Grata e abraço grande.
Nina
..."máscaras que riscam o concreto armado
ResponderExcluirda multidão que atravessa solitária numa esquina de um lugar qualquer"...
Fantástico seu poema!Exegese da alma humana! Parabéns! Abraço, Célia.
Adorei a intensidade e a força de suas palavras, belo poema ! Ja to seguindo seu blog !
ResponderExcluirAbraço
Adorei!! Levei para meu blog., simone martins2...É bem o que gosto no meu blog., punck...Darei os devidos creditos ok? Abraços
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