Minha casa fica lá no interior
é tão modesta, tão singela minha tapera
tão simplesinha dessas com apenas porta
e janela que não carecem de trancas,
precisando só de uma tramela.
na minha casa o alicerce é feito de taipa,
divisórias de barro, areia e escoras
o chão peito de saibro socado, batido,
é coberto de cimento queimado, quase encarnado,
as paredes são caiadas de branco
sujeitas a intempéries, sóis e chuvas,
ventos uivantes, luas e trovoadas
é tão modesta, tão singela minha tapera
tão simplesinha dessas com apenas porta
e janela que não carecem de trancas,
precisando só de uma tramela.
na minha casa o alicerce é feito de taipa,
divisórias de barro, areia e escoras
o chão peito de saibro socado, batido,
é coberto de cimento queimado, quase encarnado,
as paredes são caiadas de branco
sujeitas a intempéries, sóis e chuvas,
ventos uivantes, luas e trovoadas
e a mobília? tão tão pobrezinha, mas suficiente:
uma mesa, uns tamboretes e uma cama de juncos
Na cumeeira guardei meus fantasmas de outrora
mas, nela também vislumbro as estrelas
nos caibros há cinzas das horas idas
na cozinha, há tisnas na parede do fogão à lenha
há feijão na panela, café no bule, farinha no saco
carne de lata, araruta e brotes
na sala de estar não tem estante,
Na cumeeira guardei meus fantasmas de outrora
mas, nela também vislumbro as estrelas
nos caibros há cinzas das horas idas
na cozinha, há tisnas na parede do fogão à lenha
há feijão na panela, café no bule, farinha no saco
carne de lata, araruta e brotes
na sala de estar não tem estante,
mas os sonhos nunca são estanques
estão em cada recanto ou na algibeira
estão em cada recanto ou na algibeira
há outras quimeras, em cada canto uma reza
com mesa farta de credos, devoção e flor
dentre esperanças e promessas
o telhado traz formato de livro aberto
o telhado traz formato de livro aberto
com frestas de luz e cascas
de laranja secas dependuradas no teto
para acender o fogo da lida
que nunca mais se apagou sequer um dia,
depois que descobri sem precisão de espelho,
que eu, o dono da casa, sujeito humilde com jeito de mato,
era mesmo sim um rico proprietário
para acender o fogo da lida
que nunca mais se apagou sequer um dia,
depois que descobri sem precisão de espelho,
que eu, o dono da casa, sujeito humilde com jeito de mato,
era mesmo sim um rico proprietário
trazendo o semblante contente de dono do mundo,
mesmo sem guardar ou herdar
mesmo sem guardar ou herdar
um milhão em botijas de ouro,
sendo como é dono de uma paz infinda
que nenhum dinheiro pode comprar.
Então, pra quê angariar maior legado, me diga,
se na verdade ora não caibo em mim
ao tocar no chão da minha Várzea, meu tesouro,
tangendo a burrinha da felicidade?
sendo como é dono de uma paz infinda
que nenhum dinheiro pode comprar.
Então, pra quê angariar maior legado, me diga,
se na verdade ora não caibo em mim
ao tocar no chão da minha Várzea, meu tesouro,
tangendo a burrinha da felicidade?
Caro poeta João Ludugero,
ResponderExcluirHá algum tempo que não lia algo assim extraordinariamente lindo! Amei de paixão seu poema. Estou toda arrepiada... Maravilhoso demais! Adorei encontrar seu blog, assim vou poder de fartar de ler coisas tão belas, aconchegantes, arrebatadoras... Ufa! estou feliz com tuas letras, com tua forma de poetizar... PARABÉNS!
Janice Silveira Lobo,
Psicóloga - São Paulo/SP.
Que lindo os seus poemas são alimento para a alma. E esta casinha é sonho de muito mortal...
ResponderExcluirRicardo Miñana disse...
ResponderExcluir¡Precioso poema!, tienes un acogedor espacio, lleno de colorido.
si te gusta la poesía te invito a mi nuevo espacio.
feliz fin de semana.
Sil Villas-Boas disse...
ResponderExcluirJoão
Nada é mais acolhedor que o aconchego de nossa casa.
Bom fim de semana.
Sil
Márcia (Casa da Poesia) disse:
ResponderExcluirO que dizer?
Emocionou-me como tudo que me lembra a minha infância... a porta de tramela rs, a carne na lata, sabia que aqui onde eu moro virou tradição a festa na lata? carne de porco frita e guardada em latas, a minha mãe fazia muito isso, a gente era feliz e não sabia...
Adorei o poema, parabéns, um abraço.
Márcia,
da Casa da Poesia.
Margarida Delane disse:
ResponderExcluirmaravilhoso poema pra uma boa noite de sexta!
Me bateu uma saudade da minha infância na casa dos meus avós...........
Margarida.
Renata S. Giotti disse:
ResponderExcluirBelissimo mesmo...
Renata S. Giotti
Passando para deixar um xero...esqueceu por completo da amiga(que dizia ser)
ResponderExcluirbjs
Lembrou minha infância, o interior de Pernambuco, os matutos, a feira na calçada, a paisagem quando vinhamos visitar a capital. Obrigada pelo presente.
ResponderExcluirTexto extraordinário.
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