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terça-feira, 5 de julho de 2011

ALI EM SE PLANTANDO TUDO DÁ!

Se avexes não, ó moleque,
Comas logo esse pirão.
Num reclames da sorte,
Passes sebo nas canelas,
Corras lá pelas capoeiras,
Rezes e agradeças a São Pedro.
Esse é o pão que se tem pra hoje,
É o que sustenta meu povo
Seja cabra da peste, mulher de fibra, 
Seja cabra-macho ou fêmea
Seja lá o que for,
Tem que levar fé em Deus,
Mas comer o pão que o diabo amassou.
Minha Várzea é rica dessas coisas!
E ainda se conta com o ovo
No fiofó da galinha caipira
Que vigora ali no agreste.
Há quem diga, sem pensar
Ou tem um pensar torto,
Que a minha casa fica lá
Nos cafundós da caatinga,
No arisco cru do mundo,
Onde Judas perdeu as botas.
Mas com toda modéstia,
Sem vaidade alguma,
Em verdade lhe asseguro:
Ali minha gente vivedeira agrestina 
Não se queixa de ter só isso,
Apesar dos descasos e desvios políticos
E das mamatas dos 'filhos da mãe', da outra.
Eita que terra boa da mulinga!
Lá se pode chorar ou sorrir de contente,
Porque apesar de todas pobrezinhas,
A gente põe mais água no feijão,
Se vira de lado e de banda,
Fisga curimatã, muçum
E de quebra, muitas piabas.
E até mama, mas naqueloutras tetas
Das vacas mochas e das cabritas,
Faz a franga à cabidela,
Ensopado ao molho pardo,
Capricha no feijão de corda e nas favas,
Mistura tudo com farinha pra render,
Faz aquele incrementado baião
De dois ou mais pitéus,
E de sobremesa come tascos de rapadura,
O que dá uma sustância danada
Pra seguir na lida, na labuta
Pra atirar sementes ao solo, cultivar ramas,
Pra trepar no coqueiro catolé, na marra,
Pra amansar o gado no laço,
Pra esperar só com a força do braço,
Pra contar o causo dando espaço ao tempo,
Que segue desapeado da sela na garupa da égua,
Na catraca das horas pendentes dos estribos,
No galopar dos cascos incansáveis
Da minha potranca chamada Vida. 

11 comentários:

  1. Gosto muito da coloquialidade dos teus poemas. O quotidiano entra por eles adentro, sem pedir licença e que bem que lá fica!

    Abraço transoceânico

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  2. Poeta João Ludu de Deus! Como é bom te ler, vir aqui reverdece a alma da gente... Adoooro tua poesia livre, leve e solta. Para mim és um fenômeno! E escreves de uma forma única, formidável! Que maravilha, ó poeta que tu és!
    Eu queria ter esse dom, te invejo. Mas me contente em ter te achado e não te largo mais!
    Abraços,
    Wanda Avelar Dias Souto
    Brasília-DF.

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  3. Parabéns.
    Inspiradora a vida nordestina.
    Bom dia. abraços. Edna.

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  4. Cada dia mais você nos surpreende com a delícia de seus textos. Dá gosto de vir aqui só pra te ler e sair com a alma contente com tuas palavras na medida. És um entusiasta da vida, ó louvável poeta
    do agreste! Sou e serei teu admirador sempre, pode apostar. Vale a pena ler sua poesia. Belo texto!
    Hiper abraço,
    Marcelo Filgueiras,
    Redator Jornal
    Vitória - ES.

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  5. Esse poeta vai longe, aonde chegam os vencedores. Aliás, Ele é um cara pra lá de vitorioso, pois escrever como escreve, não é pra todo mundo. E ainda mais com esse sistema cabotino que temos na mídia, criaturas assim, tá difícil de se achar.
    PARABÉNS, poeta Ludugro! És único!
    Já te sigo com alegria. Se fosse mais de um, também iria te seguir. Vale a pena vir aqui todos os dias! Por isso que és um sucesso. Até mais! Jarbas Nogueira Idelfonso - Aluno de Letras da UnB.

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  6. Ó xente... me senti um pouco nordestina... Raízes de um Brasil que ainda busca na pureza das ações o desbravar de corações não corruptos!Você faz-nos tomar consciência de brasilidade.
    Abraço, Célia.

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  7. Vixi Maria... que texto lindo e porreta de lê. Mas é de João, Eliana... rsrs. Áh! Então não podia ser diferente..., beijos meu amigo e maravilhoso poeta, cada dia sou mais sua fã.

    Fica com Deus, tenha um ótimo dia!!!

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  8. Casa com tu lá dentro é sempre sublime:)

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  9. João

    Lindo poemar, lúdico e Ludugérico de ser. Você é um grande e alegre poeta. Das tradições nordestinas em versos musicais, és Mestre.
    Bjusss
    Sil

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  10. Esse está hilário! Rsrsrsrs...Um abraço, Yayá.

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