SUPREMA VARZEANIDADE,
por João Maria Ludugero
Varzeamarei a vida toda e...
tantas outras que me forem dadas a andar,
a correr dentro e a voar alto,
sem medo da cuca esbaforida,
mas se preciso for, sem sombra de dúvida,
vou além das quatro-bocas ao Riacho do Mel,
vou além da praça do Encontro Cleberval Florêncio,
vou além da vargem até chegar
ao paredão do açude do Calango,
vou além da lenda da mulher que chorava
e foi embora num carro encantado
que partiu, de carona, lá do Vapor de Zé Catolé,
antes estando com uma trouxa-de-roupa
na cabeça rumo à Nova Esperança,
e bem ganhou o mundo a assanhar
até mesmo os pelos da venta...
e deixou a transbordar meu coração partido,
a chorar de verdade,
a marejar meus olhos d'água
em vertentes saudades,
vou além das Formas do Gado Bravo,
vou além dos Seixos de dona Santina,
vou além do Itapacurá da casa-de-farinha
de tio João Pequeno,
vou além da seara das mangas, dos cajus,
das jacas e das pitombas
lá do sítio da inesquecível dona Julieta Alves...
Vou que vou além dos Ariscos de dona Beatriz,
dos Marreiros, de Antônio Belo,
de dona Clarisse de Seu Milton,
vou além das canas-caianas e curimbatórias
lá do Arisco de Virgílio Pedro
e nunca encontrarei razão para não pensar
em amortecer as dores
do peito, pois varzeamar vale a pena
e que a peleja deste amor não é,
nunca foi nem será em vão
e que bem se apanhem todas as lembranças
da terra de Ângelo Bezerra, Olival de Carvalho
e de Seu Raimundo Rosa.
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