Seguidores

segunda-feira, 9 de março de 2015

A VÁRZEA DO JOÃO MADURO, MENINO LEVADO DA BRECA, por João Maria Ludugero

 
 
 
 
 
 
A VÁRZEA DO JOÃO MADURO, MENINO LEVADO DA BRECA,
por João Maria Ludugero

Me agarro nesse menino 
João maduro Ludugero, 
que tem a visão tranquila,
Os olhos mais bonitos, eufóricos,
a boca aguada de tamarindo,
o coração marejado de saudades,
a transbordar pelos meus olhos d'água, 
Me atiço nesse menino levado da breca, 
que tem os dias sadios a degustar cajá-manga,
que é cará ou jacundá no rio Joca, 
que é bicho solto e destemido, 
bem-apanhado na vargem de Ângelo Bezerra,
seara da inesquecível madrinha Joaninha Mulato,
terna mãe de Seu Jacob, Bita, Beija e Nezinho...

Me apanho nesse moleque medonho, 
que tem o encanto do agreste apesar do estio, 
Um potro sem sela e fogoso esperando por domingos...
Me amparo nesse menino astuto bem-te-vizinho, 
bem colado na lida, com visgo de jaca que brinca comigo,
enquanto meus filhos Jordana e Igor estão dormindo,
será que ele cresce, ó menino assanhado, 
doido para quebrar o pote em fantasias?

Sanhaço só que me faz pouco caso ao formoso mamão maduro, 
e um dia acorda em seus sonhos e levado me aesquece? 
Preciso desse menino engatilhado no carrinho de rolimã,
que tem na sua algibeira tantos segredos e chaves, 
que abrem porteiras, desatam os nós das cancelas 
dos verde-musgados Seixos, das Formas do gado Bravo, 
do Marcaujá, do Umbu, do Itapacurá dos Ariscos de Virgílio Pedro,
sem esquecer da Nova Esperança dos beijus, das tapiocas, 
dos grudes de goma e cocadas de dona Tonha de Pepedo...

Careço desse menino potiguar papa-jerimum, 
bem apegado a babau de batata-doce com leite de coco, 
a tomar banho de riacho, bem apanhado em sua água de cacimba,
que lava meus dias e os deixas quarando num sol a pino,
a escutar a solene cantiga do bonito sabiá, do pintassilgo,
do galo-de-campina, dos curiós, da andorinhas e patativas 
dos alegres passarinhos do agreste chão-de-dentro...

Preciso desse menino, que tira ouro do milho-zarolho,
fazendo cuscuz de fubá ou mungunzá de dar água na boca,
da vida o destino, com sua navalha cor de alumínio, 
Necessito desse menino, pelas bermas da ávida lida
que eu bem-carrego aqui dentro do coração partido.
Sem ele eu perco todo encantamento por ter crescido,
será que ele cresceu ou permanece possante menino? 
Será que me faz pouco caso ou será que bem-disposto 
e bem-apanhado um dia me esquecerá no batente da vida?

Nenhum comentário:

Postar um comentário