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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

VARZEAMANDO, ESCREVO, por João Maria Ludugero

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
 VARZEAMANDO, ESCREVO,
por João Maria Ludugero

Num animado passo,
Eu me acho às bermas do enlevo
Dentro e alto na hora perdida.
Ora, a hora não se perde,
Mas, paro e escuto o tempo
A se rebater no badalo do sino.
Aliás, o relógio da igreja-matriz
De São Pedro Apóstolo
Rebate a hora em medida.
Ora é a tecitura do instante,
Nos meios-fios das calçadas
Dispostas pelas quatro-bocas
Da rua grande da Várzea das Acácias.
Ora é a ilusão cerzida, sem trégua,
Ora é o ponteiro que nos orienta
A não morrer à míngua em face
Das horas esbaforidas ao estio.
Ora é teia da cela que aprisiona
E amortece a dor toda entretida,
Ora é trama atemporal da lida,
Filha do caos que apazigua ao léu,
Sem medo da cuca maluca em zás
Num destemido tô-fraco ao interior
Feito o canto da galinha d'Angola.
Ora é lampejo de onze-horas em flor,
Ora é uma chispa de vida ventilada em jasmim
Na tarde amena que me nina em alaranjada-flor
A bem se apanhar feito astuto sanhaço só
Ao lusco-fusco do arrebol dos mulungus...
Ora é partir em pedaços o coração,
Ora é chegança partida da saudade
A marejar os olhos e bem me assanhar
Até mesmo os tais pelos da venta, de fato,
Toda vez que bem me lembro da roda-de-conversa
Lá no banco da inesquecível Nina, filha da ternura
Da tão doce e gigante Madrinha Joaninha Mulato.

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