No quintal da minha casa
tem uma velha mangueira frondosa e verde.
Nela há um balanço feito de um pneu usado
há muito tempo dependurado
num braço da árvore
por espessa corrente.
Sempre que sobra tempo,
Eu vou lá a sentar no balanço,
subo, desço e faço um balanço da vida.
Recordo-me de instantes ali vividos,
das pessoas que cresceram comigo
E que tiveram que seguir outros rumos
E de tantas que já não mais voltam,
uma vez que se foram balançar noutro plano.
Eu continuo meu balançar
Pra cima e pra baixo,
Alegre brincando, encantado,
Sem vontade de parar tão cedo.
E assim vou levando a sina,
não com a barriga, mas com a vontade
de fazer bem feito a lida,
conversando cá com versos
que me ajudam a empurrar
meus sonhos desde criança.
E ora adulto não me sinto inválido,
não me canso desse eterno balanço.
E vou vendo esse filme passar,
a sorrir, chorar ou vice-versando,
sem me preocupar com a menção da crítica,
Vou decorando as próximas cenas.
E que venha o sol irradiar seus flashes
sem me furtar as cores
que vão e que vêm a cada capítulo
minha vida toda enfeitar
nesse balanço tão vívido,
de levantar a alma leve e solta,
sem escapulir de mim,
dando-me corpo à liberdade!
de levantar a alma leve e solta,
sem escapulir de mim,
dando-me corpo à liberdade!