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quarta-feira, 28 de maio de 2014

MINHA VÁRZEA INTERIOR, Autor: João Maria Ludugero

 
 
 
 
 
 
 
 
MINHA VÁRZEA INTERIOR,
Autor: João Maria Ludugero

Minha cidade poema, cidade que me nina,
Pequena seara divina entre verdejantes juazeiros,
Lugar que embora distante, se faz tão presente
E me encanta o coração espairecidamente,
Ao lembrar de uma varzeana ser de muita Luz,
A corajosa e inesquecível Mãe Claudina!

Minha Várzea de ontem, de hoje e de amanhã
Cidade poema, às margens do rio Joca,
Tranqüilo ou bravio nas enchentes... entoando cantigas...
Que levam nas águas os risos e as penas
Das almas serenas das casas de outrora...

Minha cidadezinha das mangueiras,
Dos cajás e dos cajueiros dos Ariscos,
Das luas fiandeiras de sonhos e banhos.
Do manto azulado a adornar sua história,
Dentro e alto nesse lugar de São Pedro Apóstolo,
Desde a louvada a memória na voz de seus filhos...

Meu simples lugar de singelas praças floridas
Que enfeitam as vidas da infância varzeana.
Lugar em que a fé é uma força que existe
E a todos assiste da mesma maneira...

Várzea do meu poema, em que a leveza dos versos
A canção das peneiras transforma em poesia.
São tantas as toadas que teço, que vejo um Calango
E as graças do açude verde-musgo na sua magia...

Várzea das Acácias do meu poema,
cenário de destemidos potiguares,
da labuta dos varzeanos de fibra, de amigos da gente.
Cidade em que a tarde se debruça dentre as duas palmeiras
e o Sol no horizonte alaranja o poente...

Cidadezinha singela e simples, condão do meu poema... 
Cidadezinha encantada desde a Rua Grande,
De aurora bordada no céu do agreste.
E ainda que ausentes... seus filhos saudosos
mantêm as raízes no chão varzeano...

Lugar do meu poema de tantas fantasias,
Mas veste os seus dias nos trajes da lida.
Cidadezinha das ruas, da vargem e becos traçados 
A trazer do passado a lenda da Mulher que chorava
E a lembrança do boi-de-reis de Mateus Joca Chico!

Interior do meu poema que tem revoada
De andorinhas, pardais e até bem-te-vizinhos 
Sombreando a fachada da igreja-matriz de São Pedro, 
Várzea em que o povo não foge à batalha,
Que luta... trabalha... e cumpre o que diz...

Sou eu, minha Várzea, cantando este tema,
Que exponho o poema e revelo o seu rosto.
Lugar do meu poema, são tantas saudades,
Que até dentro das brevidades eu sinto o seu gosto!

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