VÁRZEA-RN: O INTERIOR DO MEU POEMA!
por João Maria Ludugero
Minha Várzea do interior é calma, boa de nela se morar,
Aquele magote de meninos na rua pode brincar,
Tem praça com jardim florido
Tem a praça do Encontro
Enfeitada pela verdejante algarobeira
Onde a moçada vai passear e namorar;
Tem a feira-livre aonde aos domingos,
Onde a gente sente prazer em degustar tapiocas,
Pastéis com caldo-de-cana-caiana, feijão-verde,
Milho, cajá, caju, manga e outras frutas de época,
Sem esquecer das farinhas de mandioca, das cocadas,
Dos camarões, dos caranguejos e das galinhas-caipiras
Sem esquecer das macaxeiras, batatas-doces, bolos pretos,
Raivas, quebra-queixos, carrapichos e queixos-de-coalho
Dentre tantos outros quitutes e singelas regalias varzeanas
Que dispensam fazer apresentação.
Minha Várzea é um recanto animado.
Quando tem festa do padroeiro o povo faz comemoração,
Tem reza e tem procissão pelas ruas da pacata cidade
De São Pedro Apóstolo!
Há várias festanças na Cidade da Cultura,
Festas religiosas, noites de maio, festas juninas,
Com destaque para a de São Pedro Apóstolo, padroeiro do lugar;
Semana da Cultura festejada em agosto de cada ano;
Festa do dia da fundação e da emancipação política
Com toques de alvoradas, folguedos e desfiles das escolas,
Além de outras fanfarras e muita gente para se espairecer!
É uma delícia na Várzea poder morar!
Todos os cidadãos se conhecem,
Do mais simples até o doutor.
Em uma cidade pequena é assim, notícia boa ou ruim
Todos ficam sabendo, a correr dentro e alto, com afinco,
Boato se espalha com rapidez pelas quatro bocas...
Se uma pessoa estranha vem morar,
Logo cria um laço de amizade e na venda já é mais um freguês.
Pelas ruas e vizinhanças há árvores, palmeiras e flores,
Tem banco para quem quiser se assentar: Nunca esqueci
Do banco de Nina da inesquecível Madrinha Joaninha Mulato,
Aonde a gente se encontrava na tarde amena a ninar a lida,
Para atualizar as novidades da vida, sem medo da cuca pegar.
E quando as noites são de calor, as pessoas,
Na frente da casas sobrepõem cadeiras de balanço
E a vizinhança se junta para conversar com satisfação!
Na rua em que mora meu pai Odilon Ludugero,
Bem de frente da casa tem um pé de graviola.
Nas calçadas há cadeiras de balanço e de fios trançados, tamboretes
E bancos-de-madeira, além de redes-de-algodão para descansar
Dos quebrantos do dia-após-dia e até curar espinhelas caídas,
Até chegar a hora de adormecer a euforia
Amortecendo as dores da vida a contento.
Todas as casas são caiadas de branco dentre outras multicoloridas
Com seus canteiros de crotes e outras flores de jardim.
O tráfego pelas ruas de paralelepípedos é calmo;
As pessoas vão para o trabalho a pé, sem pressa;
Há quem ache engraçado, mas nas ruas, além das pessoas,
circulam bicicletas, motos, automóveis, ônibus e até animais...
Ali quem nasceu e cresceu, quando viaja pra longe,
Sente apertar uma saudade danada, logo querendo voltar a rever
A água verde-musgo do açude do Calango,
Sem esquecer do banho no Retiro de Seu Olival de Carvalho.
Seu nome,
Várzea, que significa terreno plano,
Situado à margem do rio Joca, um vale, uma vargem,
Um campo de futebol situado em terreno baldio,
Usado pelas comunidades locais e por jogadores amadores.
Várzea é pacata.
Não quer ir embora quem mora aqui;
Da Capital do Estado,
Se faz um pouco distante,
Mas se me perguntarem onde é sua localização,
Respondo num instante, a correr dentro do peito,
Pois ela fica no interior do meu coração, de sentinela!
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